Theresa Catharina de Góes Campos

     
A Liturgia Dominical, o obsoleto Código Penal e a Constituição

De: Reynaldo Domingos Ferreira
Date: dom, 20 de out de 2019
Subject: A Liturgia Deste Domingo


Senhores,
Irmãos e Irmãs,
Todas as escrituras da liturgia, deste domingo - vigésimo nono do tempo comum -, nos levam a refletir, não só sobre a importância da perseverança da oração, em nossas vidas, como também, nos servem, a nós brasileiros, como argumento de sustentação contrária a todo esse clima de inquietação e de preocupação, que nos têm trazido, nestes últimos tempos, os atuais integrantes da Suprema Corte do país, em que vivemos.

Senão, vejamos!...Pela primeira leitura, a do Livro do Êxodo, podemos facilmente imaginar a vinda de Moisés, à Praça dos Três Poderes, para dizer a um mineiro, chamado José: - Escolha já alguns companheiros, homens de bem, para combater contra os amelicistas, que acamparam, com túnicas negras, nesta casa, aí, em frente, a que se dá o nome de Supremo Tribunal Federal. Amanhã, bem cedo, ao nascer da aurora, como dizia o criador desta cidade, estarei de pé, aqui, ao lado da Bandeira Nacional, com a vara de Deus, na mão!... Cumpra sua missão.

Meio que assustado, o tal José, de parentesco longínquo, com o poeta Carlos Drummond de Andrade, tratou de se preparar, arrebanhando, na periferia da cidade, amigos de boa índole, como ele, armados de espadas e de pedras, para fazer o que lhe tinha mandado o grande personagem bíblico, Moisés, isto é, dar combate, na manhã seguinte, aos magistrados amelicistas. Naquela noite, de lua minguante, nem José, nem seus amigos, de ansiedade, conseguiram conciliar o sono. Passaram a madrugada, com os seus cães, amestrados, à beira do Lago Paranoá, abrigados numa ribanceira, da qual, pela acidentalidade, não podiam, de forma nenhuma, serem vistos.

Quando o sol começou a surgir, no límpido horizonte da Capital da República, Moisés retornou à Praça dos Três Poderes, acompanhado de dois de seus assessores, Aarão e Ur, todos usando óculos escuros, primeiro, para evitar a intensa claridade da cidade e, segundo, para não se deixarem ser reconhecidos. Logo depois da chegada de Moisés ao local citado, José e seus companheiros, já colocados, em situação estratégica, bem próxima do prédio do STF, ao verem-no levantar os braços, com as palmas das mãos abertas, em direção a Deus, começaram a atacar, com pedras, o STF, como os jovens protestadores de Hong- Kong!... Foi um tendepa medonho, já que os seguranças do edifício, que dormiam, embora assustados, iniciaram logo o contra-ataque.

Então, o que se observou, foi que, enquanto Moisés conservava a mão levantada para Deus, José e seus bravos e dignos companheiros venciam. Ah, como venciam!... Mas quando, cansado, com dores, no cangote, ele abaixava as mãos, venciam os seguranças do STF, liderados por um tal de Amalec. Ora, chegou um momento - que tinha de chegar! -, que as mãos de Moisés, embora não fossem de ferro, tornaram-se por demais pesadas. Seus assessores, Aarão e Ur, correram a ampará-lo, colocando debaixo dele uma pedra, que havia no local, para que se sentasse, e, assim, conseguiram, um de cada lado, sustentar as mãos de seu Mestre, até ao por do sol, quando José e seus magníficos companheiros derrotaram, de vez, Amalec, e sua gentalha, a fio de espada e de pedra, botando, finalmente, fogo no Palácio da Justiça. Palavra do Senhor.

Pela segunda leitura, a da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo, os brasileiros devem compreender, que desde a infância, aprenderam que as Sagradas Escrituras têm o poder de comunicar, a cada um de nós, a sabedoria, que conduz à salvação pela fé em Cristo Jesus. " Toda Escritura - destaca São Paulo - é inspirada por Deus e útil para ensinar, para argumentar, para corrigir e para educar, na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e qualificado para toda boa obra." Assim, acontece também com a Constituição, que além de ser inspirada nas palavras de Deus, mas redigida por representantes da nação brasileira, é útil para argumentar, para corrigir e para educar, na justiça.

Ora, a nossa Constituição vem sendo, constantemente, desrespeitada, adulterada, em seus princípios básicos, por aqueles, os amelicistas, que vêm sendo regiamente pagos para sustentá-la, para reafirmar a sua verdade, que toda a nação aceitou. É o caso presente, em que se pretende antepor o que estabelece o obsoleto Código Penal ao princípio básico da Lei Maior, a Constituição, a nossa Sagrada Escritura, de que todos os cidadãos são iguais perante a lei. Se acabarem com a prisão, em
2a Instância, é isso o que vai acontecer. E isso não é, Bakunin, a imposição da vontade do Estado sobre a vontade soberana do povo?... Diga Bakunin, grande mestre do Anarquismo!...

A terceira leitura é o Evangelho, a sagrada palavra de Jesus Cristo, em que Ele mostra a seus discípulos, por meio de uma parábola, a necessidade de rezar sempre e nunca desistir. Mas Cristo fala também de uma cidade, em que havia um juiz, como alguns magistrados amelicistas do STF, que, ensimesmado, afirmava: - Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum!... Nessa mesma cidade, havia uma viúva, que por mais de onze anos, vinha implorando a esse juiz - como aconteceu com um pobre pleiteante, que morreu agora, sem ser atendido por uma ministra amelicista -, nos seguintes termos: - Faze-me justiça contra o meu adversário! O juiz, entretanto, não lhe dava a mínima atenção. Um dia, porém, cansado de aturar os pedidos da viúva, o juiz disse: Não aguento mais!... Vou fazer-lhe justiça, para que ela não me venha agredir, na rua ou em nenhum aeroporto... Não me venha importunar!... E o Senhor Jesus Cristo concluiu sua parábola: - Escutai o que diz este injusto juiz. E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que, dia e noite, gritam por Ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra? Será?.. Glória a Vós, Senhor!...

Reynaldo Domingos Ferreira
Advogado, escritor e jornalista

 

Jornalismo com ética e solidariedade.