Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
CONSTRUIR...ERA O SONHO DE DOIS AMIGOS - Maria do Carmo Pereira Coelho

Eram dois amigos que tinham o
mesmo sonho: construir uma casa.
Durante cinco anos, viajaram para
decidir como seria essa tão sonhada
construção.
Então, viajaram para muitos reinos.
Reino de Abaetetuba,
Reino de Marituba,
Reino de Timboteua,
Reino de Ajuruteua,
Reino de Anhanideua.
Reino de Cametá,

Reino do Itá.
Reino de Macapá
Reino de Marudá.
Reino do Guamá.
Reino de Igarapé-Miri.
Reino de Inhangapi.
Reino de Ouricuri.
Reino de Capanema,
Reino de Moema
Reino de Castanhal,
Reino do Algodoal.
Reino de Belém,
Reino de Santarém,
Reino de Ourém.

Reino de Tibicuera.
Reino de Maracacuera.

Em cada reino, Anacleto e Crispim
(estes eram os nomes dos dois
amigos) ficavam, bem de perto,
pertiiiiiiiiiiiinho
meeeeeeeeeeeeesmo, das casas que
poderiam ser as escolhidas.

Um dia, Anacleto e Crispim
decidiram que iriam construir uma
casa semelhante a uma que haviam
conhecido no Reino de
Maracacuera.

Esses amigos moravam em
Anhanga. Anacleto comprou um
terreno, em um dos lados da Praça
da Bandeira.
E lá construiu uma casa de dois
andares bem larga. Essa, sem
exageeeeeeeeeeeeeero, era da
largura do Mercado Municipal.
Crispim comprou um terreno no
Largo da Igreja.
E lá construiu uma casa de um só
andar.
Essa, sem exageeeeeeeeeeeeeero,
era da largura do Largo da Igreja.

No primeiro andar, Anacleto fez um
pátio da largura da casa.Depois,fez
uma porta entre duas grandes
janelas. Do lado direito, uma sala de
visita. Do lado esquerdo, um
escritório.
Em seguida, uma sala de jantar, de
onde se via uma escada muito
bonita. Por ela se podia chegar até o
segundo piso.
Depois,uma sala de almoço, uma
grande cozinha, dois banheiros.
No quintal, fez uma casinha para o
poço artesiano,um galinheiro. No

final do quintal, uma cerca de
madeira, como se fossem paredes
que protegiam o igarapé.
No segundo andar, um pátio no
centro, entre duas largas janelas e
cinco quartos.

Já o Crispim, construiu uma casa de
um andar. Fez um pátio da largura
da casa, uma porta junto a uma
grande janela. Fez uma sala de
visita, um quarto, uma sala de
jantar, mais 3 quartos e uma grande
cozinha. No quintal construiu uma
casinha para conserto de pequenas

máquinas de cinema. No final do
quintal, construiu umas paredes que
protegiam um grande gramado,
onde havia um campo de futebol.

Finalmente, as casas ficaram
prontas.
No começo, para os filhos do
Anacleto, ter uma casa numa praça
eram só brincadeiras.
De pular corda,
De amarelinha,
De berlinda,
De água no pescoço,

De roda.
De cantar fazendo gestos que
acompanhavam o “Eu tinha uma
andorinha que me fugiu da gaiola...”

No começo, para os filhos do
Crispim, ter uma casa perto de uma
igreja eram só brincadeiras também.
Lá, embaixo das árvores, liam todas
as revistas em quadrinhos.
Os filhos brincavam de deuses
astronautas.
Os meninos brincavam de
escoteiros.

Anacleto e Crispim levavam todos
os filhos à igreja, ao cinema e ao
igarapé, onde tomavam banho um
milhão de vezes.
Anacleto povoou a casa dele com
sete filhas. Cada uma delas era uma
das Sete Maravilhas do Mundo.

Crispim povoou a casa dele com
sete filhos. Cada um deles eram os
deuses astronautas.

De repente, os deuses astronautas
enterraram os sonhos, os
brinquedos e as brincadeiras no
quintal.
De repente, as filhas do Anacleto
enterraram os sonhos, os
brinquedos e as brincadeiras na
praça.

Um dia, a praça e o quintal
desapareceram. Foram cimentados.
No lugar da praça, um ponto de táxi
passou a ter espaço nela.

No lugar do quintal, um novo
hospital passou a ter espaço nele.

Hoje, as melhores lembranças
daquelas crianças do Anacleto
ficaram enterradas no cimento
daquela praça.
Hoje, as lembranças daquelas
crianças do Crispim ficaram
enterradas no cimento daquele
quintal.
Agora, todas as crianças esperam
que venha um prefeito que goste de
flores.
De bancos de praça.

De quintais, para que outras crianças
possam voltar a brincar nas praças e
nos quintais das cidades.
Também, para que as crianças
passem a ensinar, para todos, uma
lição de infância feliz, vividos nos
espaços mais felizes da casa do
Anacleto e do Crispim.

Brasília, 14 de março de 2020
 

Jornalismo com ética e solidariedade.