Theresa Catharina de Góes Campos

     

JÚLIO
Maria do Carmo Pereira Coelho

JÚLI0 Sapeca: a simplicidade do seu coração

Era uma vez um menino.
Ele não era o Menino Maluquinho.
Ele não era o Menino Mais Belo do Mundo.
Ele não era o Menino Marron.
Ele não era o Reizinho Mandão.
Mas ele era o Menino Sapeca (danado, agitado, barulhento, brincalhão).
Ele morava numa ilha - Ilha Sapeca (em Paquetá – RJ).
Na Ilha Sapeca havia uma vila – Vila das Casas.
Era uma vila com 5 casas.
Casa 1, 2, 3, 4, 5.
Na casa 1, morava uma família que respeitava todas as crianças.
A dona da casa. Dona Nila ( esse era o nome dela) que sempre preparava um delicioso suco para as crianças que gostavam de ir visitá-la.Quem gostava de revistas em quadrinhos ficava por lá.
Na casa 2, morava uma família. A dona da casa gostava de conversar com todas as crianças.
Dona Li (esse era o nome dela), que sempre repetia as mesmas palavras: - pois sim ; - pois não.
Durante muito tempo, as crianças não entendiam se ela negava ou afirmava suas ações:
- Dona Li, a senhora foi ao mercado? – Pois sim.
- Comprou açaí? – Pois não.
Na casa 3, morava uma família. A dona da casa gostava de alegrar todas as crianças.
Dona Florista (esse era o nome dela), que sempre recebia as crianças cantando:
- Clareou o céu!!!
- Clareou o mar!!!
Em vez de oferecer um suco, uma revista de quadrinhos, um sorvete, contava histórias, inventava e declamava poesias para as crianças que gostavam de ir visitá-la.
Sou florista majestosa,
que no campo fui colher:
- açucenas, cataleas, para Jesus oferecer.
- Vinde, ô florista, vinde oferecer as lindas flores que foste colher (bis)

Na casa 4, morava uma família. A dona da casa era onde o Júlio Sapeca podia visitar ou quase morar. Falavam que ela era muito paciente com as crianças. Ela cantarolava: - Lá vem ele, lá vem o Júlio Sapeca, garoto levado da breca!
Então, bem cedinho, chegava o Sapeca.Brincava na casa dela o dia inteirinho. O marido dela não gostava dele, nem a vovó. Ele desarrumava tudo. Adorava uma bagunça.
Um dia Júlio Sapeca não veio visitar a casa 1, nem a 2, nem a 3, nem a 4. Todos sentiram logo a falta dele.
Acontece que quem trabalhava na casa 5 eram os repórteres da rede famosa - rede de televisão do tamanho de um globo.
De repente o repórter da televisão informou:
- Júlio Sapeca morreu.
Então, todos os que conheceram Julinho choraram.
Muitas lágrimas rolaram de tristeza e de saudade.
Por que tantas dores com a perda do Júlio Sapeca ?
Porque a família que mais com ele conviveu descobriu a simplicidade que havia no coração daquele menino.

 

Jornalismo com ética e solidariedade.