Theresa Catharina de Góes Campos

     
 OPORTUNIDADES PERDIDAS por LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO

Dizem que a oportunidade, na vida, é como se fosse um cavalo que passa diante de nós, e no qual temos de subir e cavalgar no rumo que escolhemos. Perdida a ocasião, perdida a única chance de êxito. Pois bem, estamos no momento mais grave da história do mundo.

Quando um imenso contingente de vidas se perde, na extraordinária força de um vírus com poder de propagação e grau de letalidade.

E um sistema de saúde incapaz, em todos os países, de atender a demanda de pacientes. Na profunda tristeza e medo, perdemos também os rumos da economia. No Brasil, o quadro de dificuldades aumenta muito, porque tínhamos sérios problemas de recuperação neste campo.

E o que acontece? Primeiramente nosso Congresso, o segundo mais caro do mundo, onde proliferam as mordomias e privilégios, planeja uma série de benefícios a serem entregues pelo Executivo à população mais desvalida e, em momento algum, se dispõe a cortar não a carne, mas suas gorduras. Imensas gorduras das despesas com os Fundos Partidário e Eleitoral, emendas parlamentares, mordomias e o valor da verba indenizatória.

O Congresso, irremediavelmente, aumenta o fosso que o separa da sociedade. E, cada vez mais, perde o respeito de todos nós.

São os sanguessugas da Nação. Usurpando grande parte dos impostos, cobrados até no pão da padaria, fazendo os mais pobres pagarem por suas extravagâncias imorais. Nem a pandemia conseguiu mudar a mentalidade de nossos políticos em relação à política. Eles continuam se servindo dela. E massacrando o povo brasileiro, na extorsão de despesas mensais incompatíveis com a capacidade pagadora do Executivo. Principalmente neste momento de pandemia, onde todos, sem exceção, colocam seus problemas econômicos nas mãos do Estado.

Trágico também é ver o quanto subestimam a nossa inteligência. E com discursos enviesados tentam mostrar serviço. Assim como os profissionais de saúde e outros tantos pelo Brasil, deveriam estar trabalhando com mais efetividade, votando os projetos destinados a mudar a fisionomia do país. Como por exemplo, os relacionados a estrutura tributária, a reforma administrativa ou a imensa e perversa proliferação de municípios criados para fins eleitorais, verdadeiros sumidouros de recursos públicos. Ou votarem a prisão em segundo instância, o fim da reeleição para todos os cargos, inclusive os do Legislativo e a extinção do foro privilegiado. Pautas
econômicas e moralizadoras de nossa vida política. Esquecidas nas gavetas do Parlamento, como manobra estratégica.

E, por todos os deuses, as autoridades deveriam parar de tentar convencer a sociedade que a venda de cargos por apoio e votos é eticamente justificável. Que a velha política do toma lá dá cá é normal. Não, ela não é normal. Não banalisemos o mal. Ela é corrupta. Por quê? Porque invalida o meu voto. Aquele Partido ou parlamentar escolhido pelo eleitor por suas “pretensas” convicções e promessas, votará integralmente com o governo. Fundamentando muitas vezes suas escolhas em interesses corporativos ou meramente pessoais. Independentemente do meu voto. E, por favor, não argumentar que acontece em todo o mundo. Em quase todo o mundo a escravidão era “normal”. Por acaso deixou de ser um dos maiores crimes contra a humanidade? Uma última questão: quais interesses levam a essa prática corrupta? No mínimo, propaganda eleitoral. Mas a história da nossa política oficial mostra que sempre foi bem
mais do que isso. No entanto, é bom não esquecer que nós os colocamos lá!

Ainda bem que a sociedade acordou. Renovamos parte do Parlamento. E começaram os movimentos para somente prestigiar, nas eleições futuras, os Partidos que não participam da velha política e desejam moralizar o Congresso. Nosso voto será dado depois de monitorarmos os candidatos e Partidos. Já estamos nos organizando para isso. Um dos poucos caminhos para melhorarmos a vida de todos os brasileiros.

(06/2020) LUÍZA CAVALCANTE CARDOSO
 

Jornalismo com ética e solidariedade.