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A ESTRADA - Reynaldo Domingos Ferreira
" E como é maravilhosa,
Ela mesma, a estrada!..."
Nicolai V. Gogol, em " Almas Mortas "
A estrada é longa,
Mas sempre mansa,
Que me traz lembrança
De qualquer mudança,
Ou de novo sentido
De esperança!...
A estrada é pista,
Que não despista,
Que não esconde,
Nem dissimula,
Nem faz apagar
Uma irresistível
Ânsia de escapar!...
A estrada é vida.
É caminho seguro,
Ou inseguro,
Em busca de um futuro,
Sem que se possa,
Na partida,
Fazer
Ou se desfazer
De planos e de sonhos!...
A estrada é espaço,
Mais do que infinito,
Entre a terra e o céu,
Por onde, em silêncio,
Trânsito,
Errante, fechado, ao léu!...
A estrada é um meio
De ilimitada evolução,
Ou de perdição,
Que me faz apascentar,
Ou me endurecer o coração!...
A estrada é fuga.
É devaneio.
É esperteza.
É um decorrer de tempo,
Entre o que era,
É o que deveria ser,
Ou não ser!...
A estrada é um destino,
Em busca da imensidão,
Na dependência da sinalização.
É luz, é jogo de sombras,
É copo d'Água,
É amor esperado,
É canto de pássaro,
É bátega de chuva,
É folha seca,
É Zampanó
É Gelsomina,
É solidão!...
A estrada é prenúncio,
A três km de distância,
De saudade,
É também de gravidade,
De perigo,
De correntezas de casas,
De cruzes, às margens,
Numa sumidade...
Do espero voltar,
Em breve,
Ou do evidente,
Solene jogo da Morte!...
A estrada.
REYNALDO DOMINGOS FERREIRA,
Jornalista, escritor.
A ilustração, de domínio público, é de uma das
estradas mais belas do mundo, que fica no
Alentejo, em Portugal.
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