FENAJ defende amplo debate sobre
remuneração do conteúdo jornalístico
pelas plataformas digitais
Federação discorda da inclusão do tema
no PL 2630, por tratar de assunto
diverso e pela falta de profundidade nas
discussões
A
Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ),
entidade máxima de representação na
categoria, divulgou nesta quinta-feira,
1º de outubro, documento no qual
expressa sua posição sobre proposta
apresentada pelas empresas de
comunicação de emenda ao PL 2630,
estabelecendo, de forma genérica, a
remuneração do conteúdo jornalístico
pelas plataformas digitais. Para a FENAJ,
essa remuneração é justa e necessária,
mas não deve ser tratada no âmbito do
referido projeto-de-lei, conhecido como
“PL das fake news”.
Entre os argumentos apresentados pela
Federação para explicar sua posição,
está a própria tramitação do PL 2630, já
aprovado no Senado Federal, sem debates
públicos, e em andamento acelerado na
Câmara dos Deputados, com discussões
insuficientes até mesmo pelo
funcionamento remoto do Congresso
Nacional, em razão da pandemia provocada
pelo novo coronavírus.
Mas a ressalva não é somente à
excepcionalidade dos tempos atuais. A
FENAJ afirma que o PL 2630 trata de tema
diverso e complexo, propondo normas,
diretrizes e mecanismos de transparência
para provedores de redes sociais e de
serviços de mensageria privada, com o
objetivo de coibir a disseminação de
informações falsas e/ou fraudulentas,
popularmente chamadas de “fake news”.
A Federação dos Jornalistas enfatiza que
a inclusão da discussão da remuneração
dos conteúdos jornalísticos no âmbito do
PL 2630 não é oportuna do ponto de vista
do objeto da proposta de lei nem do
ponto de vista temporal. Lembra que a
categoria dos jornalistas é a principal
interessada no debate sobre direito de
autor aplicado ao Jornalismo e os
diversos aspectos que devem ser
tratados, entre eles a forma de
arrecadação e a distribuição de valores.
Também é lembrado no documento a
história do debate sobre direito autoral
no Brasil e a criação, no passado
recente, da Associação Brasileira da
Propriedade Intelectual dos Jornalistas
Profissionais (Apijor), que “por falta
de uma cultura do direito de autor
aplicado aos jornalistas”, teve vida
curta.
Para a FENAJ, a pauta do direito de
autor aplicado ao Jornalismo e aos
jornalistas não vai cair no
esquecimento, caso não seja tratada no
PL 2630. O documento cita o Projeto de
Lei nº 4255/2020, de autoria do senador
Ângelo Coronel (PSB/BA), que propõe
alterações na Lei nº 9.610/1998,
conhecida como Lei do Direito Autoral,
estabelecendo o pagamento de direitos na
disponibilização de publicações de
imprensa por provedores de aplicações de
internet.
A proposta de inclusão do debate sobre a
remuneração do conteúdo jornalístico
pelos provedores de internet no âmbito
do PL 2630 foi apresentada em documento
dirigido ao presidente da Câmara dos
Deputados, Rodrigo Maia, por um conjunto
de entidades de empresas de comunicação,
autodenominada “Coalizão
Liberdade e
Responsabilidade”.
“A FENAJ cumprimenta as entidades das
empresas de rádio, televisão, revistas,
e da publicidade, pela proposição do
debate e pelo reconhecimento de que a
remuneração dos conteúdos jornalísticos
deve ser feitas às empresas
jornalísticas e aos jornalistas. Mas
defende amplo debate para que a futura
remuneração pela utilização de conteúdos
jornalísticos possa, de fato, chegar aos
autores desse conteúdo”. afirma a
presidenta da entidade, Maria José
Braga.
Conheça o documento na
íntegra.