A VOLTA DO
MECANISMO
A Crusoé mostra
em edição
especial como o
velho sistema —
ou o "mecanismo
— triunfou em
Brasília. Com o
Centrão no
comando da
Câmara e do
Senado, sem Lava
Jato e com
tribunais
superiores
domesticados, os
fisiológicos e
corruptos voltam
a dar — e roubar
— as cartas. A
revista mostra
em detalhes o
que pode
acontecer daqui
para a frente.
Toda a máquina
está azeitada,
de alto a baixo,
para meter a mão
no dinheiro do
pagador de
impostos. Os
repórteres da
revista mostram
como o que
ocorre em
Brasília tem
reflexos no dia
a dia dos órgãos
oficiais. Na
cadeia de
corrupção e
fisiologismo do
governo
Bolsonaro, há
lugar até para
esquerdistas que
posam de
inimigos do
atual governo.
As “fabriquinhas
de propina”
estão prontas
para funcionar,
e agora sem a
vigilância
rigorosa do
Ministério
Público federal,
que foi
manietado por
Augusto Aras, o
engavetador-geral
do presidente da
República.
Leia um trecho
de uma das
reportagens da
edição especial:
“Para quem
está
acostumado
com os
códigos bem
particulares
de Brasília,
a festa de
arromba que
reuniu mais
de 300
pessoas na
segunda-feira,
1º, e entrou
pela
madrugada em
comemoração
à vitória de
Arthur Lira
na Câmara
tinha um ar
de coisa já
vista – e a
reminiscência
não é nada
boa. Para
além da
definitiva
ascensão do
Centrão ao
poder,
festejava-se
na luxuosa
casa de um
empresário,
com
dancinhas,
canções ao
microfone e
abraços
calorosos, o
esperado
retorno a
tempos que
pareciam ter
ficado para
trás a
partir do
sucesso da
Operação
Lava Jato.
Sob um
governo
rendido, que
prometia
combater “tudo
isso daí”,
o país
assiste
agora ao
retorno
triunfal da
política dos
acordões, do
compadrio,
do “é
dando que se
recebe” e
da
impunidade.
Na linguagem
do
establishment,
é o regresso
à
conveniente “acomodação
de forças”,
que só é boa
para quem
quer ver as
engrenagens
do sistema –
ou do
“mecanismo”
– voltarem a
girar como
antes.
Na prática,
como
aconteceu na
eleição do
Congresso,
que alçou
Arthur Lira,
do
Progressistas,
à
presidência
da Câmara e
Rodrigo
Pacheco, do
DEM, ao
comando do
Senado, o
vicioso
ciclo
tradicional
da política
se repete:
em troca de
votos em
favor do
governo,
parlamentares
recebem
recursos
para
fidelizar os
prefeitos,
que depois
serão
responsáveis
por ajudar
em suas
reeleições.
Deputados e
senadores
indicam
“afilhados
políticos”
para ocupar
órgãos
públicos,
que acabam
sendo usados
como fonte
de recursos
para
sustentar
partidos,
políticos
filiados a
esses
partidos e
suas
respectivas
campanhas
eleitorais.
Uma parte da
dinheirama
entra pelas
vias
oficiais.
Outra, como
demonstram
dezenas de
investigações,
é fruto do
desvio de
verbas de
contratos
cuja
assinatura
depende
desses
apadrinhados
estrategicamente
abrigados em
postos
chaves da
máquina
pública. Era
o que
Roberto
Jefferson
chamava, à
época do
mensalão,
de “fabriquinhas
de
propina”. Com
a Polícia
Federal, a
Procuradoria-Geral
da República
e setores do
Supremo
Tribunal
Federal e de
outras
cortes
superiores
domesticados,
ninguém
incomoda
ninguém, os
poderosos de
turno deixam
de ser
surpreendidos
a cada
semana com
operações de
combate à
corrupção,
cessam as
manifestações
na porta dos
palácios, o
establishment
político se
reorganiza e
todos
amealham
mais e mais
poder.”
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