De: Reynaldo
Ferreira
Date: sex., 2 de abr. de 2021
Subject: Fwd: Verdades
As verdades, que precisam ser expostas, num
artigo vibrante, altaneiro, sobre o que vem
acontecendo, nestas últimas 48 horas, no
âmbito das Forças Armadas. O articulista faz
restrições ao que disse o general Santos
Cruz, em entrevista à CNN-
Brasil, focalizando acontecimentos
históricos, principalmente a deposição de
Carlos Luz, que ficou por apenas três dias,
na presidência da República, por ter sido
considerado louco, insano, maluco, após o
suicídio de Getúlio Vargas, e o afastamento
de Café Filho, que ocupava o cargo de
vice-presidente. Por suas insinuações,
Bolsonaro já poderia ter sido deposto, de
acordo com o que preceitua o Art. 79 da
Constituição Federal. Leiam o artigo.
Reynaldo Domingos Ferreira
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A TOGA E A BAIONETA - Paulo Emendabili
Souza Barros De Carvalhosa
Antes de escrever sobre o imbróglio
acontecido nas últimas 48 horas no setor
militar do governo federal, aguardei
certos pronunciamentos ocorridos ontem,
sobretudo o do gal. Santos Cruz, na CNN,
a verificar a temperatura interna na
cúpula das Forças Armadas, a modo de
sentir se o teor da conversa que tive no
meio da tarde de 30 de março, a respeito
dos bastidores da decisão presidencial
em passar o rodo no Alvorada, procedia.
Foi esta conversa que motivou meu post
imediatamente abaixo, que causou
intensas coceiras nos pouquíssimos que
me seguem.
Contudo, antes de deitar as linhas,
algumas explanações são necessárias,
focalizando acontecimentos pretéritos e
seus mecanismos.
O primeiro deles situo na segunda
derrubada de Getúlio Vargas, em 1954,
motivando seu suicídio físico e sua
entronização histórica.
Antes, singular foi a manifestação do
gal. Santos Cruz à CNN, ao afirmar, a
respeito dos ministros exonerados por
Bolsonaro, sobretudo do ex-Ministro da
Defesa Azevedo e Silva:
“Os comandantes não fazem parte dessa
camada política, são de dentro de suas
instituições com quase 50 anos de
serviço, testados e selecionados em
todos os níveis hierárquicos que
passaram e escolhidos entre os melhores.
Esse tipo de saída é uma falta
de consideração pessoal, institucional,
funcional, desrespeito e ofensa às
Forças Armadas. É assim que eu vejo essa
situação.”, emendando: "não é normal
nessa reforma ministerial trocar os três
comandantes de Forças Armadas sem uma
razão, uma explicação, uma informação
para a sociedade".
Em seguida, Santos Cruz reafirmou a
unidade das Forças Armadas, definindo-a
como inquebrantável.
Não é bem assim, sobretudo do ponto de
vista histórico...
Pois bem. Às duas horas da madrugada
daquele fatídico 24 de agosto de 1954,
Vargas abriu a reunião ministerial de
emergência, dada a crise causada pelo
assassinato, no meio da Rua Toneleiros,
na porta do ainda então jornalista
Carlos Lacerda (depois governador da
Guanabara, pivô do suicídio de Vargas,
bem como da renúncia de Jânio Quadros e
da deposição de João Goulart, em 1964),
do Major Vaz da Aeronáutica, segurança
pessoal de Lacerda.
Eclodida a crise, com todos os dedos
apontando para Getúlio, com Lacerda,
apelidado ‘Corvo’, descendo a lenha em
Vargas em seu jornal, o ‘Tribuna da
Imprensa’, compareceram todos os
titulares das pastas, exceto o ministro
Vicente Ráo, das Relações Exteriores.
Estavam presentes no salão de banquetes
do segundo andar do Catete, tendo início
a histórica reunião ministerial
presidida por Getúlio Vargas horas antes
de seu suicídio: Alzira Vargas do Amaral
Peixoto; os ministros Oswaldo Aranha, da
Fazenda; Guillobel, da
Marinha; Epaminondas, da Aeronáutica;
Apolônio Sales, da Agricultura; o chefe
do Estado-Maior das Forças Armadas,
marechal Mascarenhas de Moraes (chamado
pessoal e especialmente por Vargas);
Hugo de Faria, interino do Trabalho;
José Américo de Almeida, da Viação e
Obras; Mário Pinotti, da Saúde; Edgar
Santos, da Educação e Cultura; Zenóbio
da Costa, da Guerra; e Tancredo Neves,
da Justiça.
Da segunda fileira de apoio,
compareceram: o governador da Guanabara,
Ernani do Amaral Peixoto; Maneco Vargas;
Jango Goulart; Benjamin Vargas; os
deputados: Danton Coelho, Euclydes
Aranha e Augusto do Amaral Peixoto,
vice-líder do governo, além do
general Caiado de Castro, chefe do
Gabinete Militar; e Lourival Fontes,
chefe do Gabinete Civil.
Na verdade, todos os civis presentes
nada contavam em termos decisórios
naquela reunião, pois que seu papel era
o de meros ouvintes, tanto que Vargas,
um animal político por excelência, abriu
a reunião expondo a situação crítica e
logo a seguir, concedeu a palavra
aos ministros militares, sabedor que o
fiel da agulha, apontando se o seu
governo continuaria ou não, pendia nas
casernas.
O primeiro a falar foi o marechal
Mascarenhas de Moraes, que informou a
Vargas ter se reunido durante a tarde de
23 de agosto com os três chefes de
estado-maior, relatando que a situação
nas três Forças Armadas era crítica,
pois a Aeronáutica, liderada pelo
brigadeiro Eduardo Gomes, sugeria a
renúncia presidencial, o mesmo ocorrendo
na Marinha, liderada pelo ministro da
Marinha, almirante Renato Guillobel,
afirmando que seus almirantes desejavam
a renúncia presidencial, permanecendo
todos em prontidão.
Guillobel, da Marinha, escreveu em seu
livro de memórias, a respeito daquela
reunião que decidiu os destinos de
Vargas e do Brasil:
“Chegada minha vez, disse-lhe mais ou
menos textualmente: "Presidente, a
Marinha não vai se rebelar contra o
Governo nem vai sair à rua para isto;
até agora se mantém dentro da disciplina
e da ordem. Mas devo dizer lealmente a
V. Exa. que, embora eu esteja decidido a
acompanhá-lo na decisão que tomar, a
maioria dos Chefes da Marinha estão
contra o Governo e eu não o desejo
iludir.
A seguir, tomou a palavra o Ministro da
Guerra, que disse que não poderia agir
porque a Marinha estava revoltada; era
mais uma falsidade. Isso me indignou e
eu levantei-me para protestar e dizer ao
Presidente: "A verdade Senhor
Presidente, é que mais uma vez V. Exa.
está sendo traído por seus Generais."
Tendo o Ministro da Guerra feito menção
de levantar-se, repeti minhas palavras
ao Presidente, mas a meu lado o Ministro
da Aeronáutica, Brigadeiro Epaminondas
Gomes dos Santos, me puxava pelo dólmã
para conter-me, gesto muito louvável,
mas, creio que desnecessário, porque eu
não tinha nenhuma intenção de provocar
qualquer conflito, nem tampouco de
retratar-me."
A verdade é que também no Exército,
apesar da liderança do general Zenóbio
da Costa, ministro da Guerra, os
oficiais de postos menos elevados
estavam sublevados, e que a fratura na
hierarquia e disciplina, a cola que
mantém unida as Forças Armadas, era
visível.
Portanto, quando Santos Cruz fala,
agora, em 2021, em “lideranças fortes em
todos os níveis de comando que mantêm
unidas as Forças Armadas”, trata-se de
um enorme blefe, de mera retórica, sem
sustentação fática, tanto pregressa,
como atual, nenhuma.
Voltando, quando Vargas, naquela
madrugada de 24 de agosto de 1954, ouviu
de seus três ministros militares que as
Forças Armadas estavam contra ele,
soube, quieto, ser inevitável a sua
queda, decidindo, mais quieto ainda,
meter um projétil no peito para sair da
vida e entrar na História, deixando
atrás de seu caixão, seguindo o funeral,
5 milhões de brasileiros tomados pela
fúria e pela consternação, abrindo uma
crise de deslegitimação política aliada
a uma infiltração crescente comunista
nas esferas de governo, nas
universidades e na imprensa, que
conduziria ao 31 de março de 1964.
Fixada e guardada esta imagem no espelho
do passado, o gal. Mourão, atual
vice-presidente da República, ao se
referir aos seus companheiros de farda,
de mesma idade e alta patente,
claramente diz que os homens de hoje não
refletem o que foram os militares do
passado, daquele período.
Aquela geração de militares brasileiros:
que combateram, como tenentes e
graduados oficiais, a Guerra
Civil-Militar Constitucionalista de
1932; que serviram e combateram na
Itália a II Guerra Mundial; que no
Brasil depuseram em 1945 a Getúlio
Vargas, pondo fim à mais cruel ditadura
da História do Brasil, iniciada em 1930;
e que, como marechais (Castelo Branco e
Costa e Silva) e generais (Médice, Geisel
e Figueiredo), afastaram a ameaça
concreta e guerrilheira de comunização
do Brasil a partir de 1964, não existem
mais, não se encontrando no oficialato
brasileiro atual a mesma têmpera
militar.
Já a geração de militares que iniciou
carreira desde o início dos anos 1980,
constituiu a geração que Mourão definiu
como sendo aquela que: “por mais que
faça, leva pedrada de todos os lados”.
Pior: Não só as Forças Armadas
brasileiras, a partir de 1985, se
acostumaram a apanhar dos setores
ressentidos da esquerda, dominante nos
meios de comunicação, como, de tanta
detração, pichados como torturadores,
ignorantes e truculentos, os militares
encistaram-se nos quartéis, passando a
se preocupar por competir por cargos de
liderança, por melhores salários, por
postos de destaque, sendo certo não
ter havido nenhum conflito, interno ou
externo, digno de nota que empenhasse as
Forças Armadas.
Generais, almirantes e brigadeiros,
inclusive Santos Cruz, tido por durão,
de bom grado bateram continência para
Lula, Dilma e Aldo Rebelo, comunista
histórico, nomeado ministro da Defesa,
enquanto rolavam os trabalhos
unilaterais da ‘Comissão da Verdade’,
enxovalhando, todo santo dia, a imagem,
já no chão, das Forças Armadas, assim o
fazendo sob o mantra de preservar a
instituição militar, mantendo-a longe
da questão política e ideológica, em
prol de sua unidade, como se isso fosse
possível, historicamente, no Brasil...
Essa ‘doutrina’ foi quebrada pelo
advento de Jair Messias Bolsonaro à
presidência da República, sendo ele um
capitão reformado, afastado das casernas
desde o início dos anos 1980, após ter
escrito um manifesto publicado por
‘Veja’, protestando pelos baixos soldos
pagos à tropa, pelo sucateamento das
Forças Armadas, denunciando um plano
deliberado de enfraquecimento da
instituição militar, sendo
processado administrativa e
militarmente, e punido por
insubordinação.
Iniciando carreira política na vereança
do Rio de Janeiro, depois deputado
federal, Bolsonaro passou 28 anos
defendendo as Forças Armadas dos ataques
das forças comunistas e de esquerda
encasteladas dentro do Congresso
Nacional, isolando-se, sem receber
nenhum apoio dos comandos militares, que
dele queriam mais é distância, a não
contaminar, com suas opiniões, a
‘doutrina de distanciamento das
Forças Armadas’, atrapalhando a carreira
deste e daquele, se o vissem com
Bolsonaro.
Isto até o 6 de setembro de 2018, quando
os militares se sentiram atingidos pela
tentativa de assassinato do candidato
saído das fileiras militares,
vislumbrando poderem retornar ao poder
pela via democrática, incrementando as
ambições de melhores cargos,
salários, visibilidade e resgate na
imagem das Forças Armadas.Foi nesse
clima que o gal. Villas Boas, a seguir
do 7 de setembro de 2018, conteve os
mais exaltados numa reunião de
emergência do Alto Comando, sem saber se
Bolsonaro sobreviveria ou não,
vislumbrando a eleição, neste caso, de
Haddad, do PT, o poste do Lula, e de
quebra, o STF votando pela liberação de
Lula, querendo a maioria marchar sobre
Brasília, custasse o que custasse,
saindo o gal. Villas Boas com a novidade
de nomear o gal. Azevedo e Silva, o
político, que antes servira no governo
Collor, para o inusitado posto
de “assessor especial” do então
presidente do STF, Dias Toffoli,
manobrando dentro do STF para que não se
fizesse nenhuma besteira, enquanto se
aguardava o restabelecimento de
Bolsonaro.Eleito Bolsonaro, nomeou o
gal. Santos Cruz para a secretaria do
Governo e não demorou para perceber que
Santos Cruz mais preocupado estava em
manter Bolsonaro longe das Forças
Armadas, a modo de preservar o ‘status
quo ante’ da estrutura
política brasileira, sempre favorável à
cômoda política de encistamento das
tropas e do oficialato, a modo de
assegurar privilégios para os altos
escalões alinhados à velha política.
Exonerado do cargo, Santos Cruz, após
pouco mais de 5 meses de atuação,
Bolsonaro manteve o gal. Azevedo e Silva
no cargo de ministro da Defesa, tendo
ele sido chefe do Estado Maior do
Exército e comandante da Brigada
Paraquedista, antes de ir para a
reserva.
Saiu de Azevedo e Silva a indicação dos
nomes dos comandantes do Exército, Edson
Pujol; da Aeronáutica,
tenente-brigadeiro do Ar Antônio Carlos
Bermudez; e da Marinha, almirante de
Esquadra Ilques Barbosa Junior,
confirmados por Bolsonaro à frente das
três Forças, com o aval do ministro do
Gabinete de Segurança Institucional (GSI),
general da reserva Augusto Heleno, fiel
escudeiro de Bolsonaro.
Foi o gal. Augusto Heleno o primeiro que
alertou Bolsonaro sobre Sérgio Moro,
então no Ministério da Justiça e sobre
Maurício Valeixo, homem de Moro, então
na direção-geral da Polícia Federal
(PF).
Ao público, o gal. Heleno disse então:
“Será que é interferir na Polícia
Federal quase que exigir e implorar a
Sérgio Moro que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? A
Polícia Federal de Sérgio Moro mais se
preocupou com Marielle do que com seu
chefe supremo. Cobrei muito dele isso aí. Não
interferi”.
Interferiu sim, evidente, mas é certo
que o gal. Augusto Heleno, a partir de
então, colocou a PF e o SNI para
trabalharem, sobretudo depois das sucessivas decisões do STF,
interferindo nas escolhas privativas do
presidente da República, mandando
Bolsonaro entregar seu celular, instaurando
inquérito contra o presidente da
República a supostamente averiguar de
onde provinham as chamadas “Fake News”.
Heleno, como um gato no escuro à procura
do rato, sentiu que o STF, a cada dia,
se sentia mais e mais à vontade para
atacar o presidente da República, não mais
ocultando a sua firme vontade de
derrubá-lo, sobretudo no período em que
o Botafogo da Lava-Jato, Rodrigo Maia, presidia a Câmara dos
Deputados e o Daniel Alcolumbre, outro
pendurado no STF, presidia o Senado
Federal.
Qual não terá sido o espanto do ministro
do Gabinete de Segurança Institucional,
Augusto Heleno, quando recebeu um
dossier quente, do SNI, com conversas transcritas
havidas entre o gal. Azevedo e Silva e o
atual presidente do STF Luiz Fux,
indagando este sobre a segurança institucional (leia-se:
atitude das Forças Armadas), em caso de
confirmação pela segunda turma do STF,
da decisão do ministro Edson Fachim, que declarou
Sérgio Moro incompetente, anulando o
processo e de quebra, declarando Moro
suspeito.
A razão da indagação tinha lá suas
raízes: Em 2017, o atual
vice-presidente Antônio Hamilton Mourão,
em uma palestra promovida pela Maçonaria em Brasília, quando
secretário de economia e finanças do
Exército, defendeu de forma aberta uma
intervenção das Forças Armadas caso o Judiciário (STF)
não retirasse da vida pública “esses
elementos envolvidos em todos os
ilícitos”, caso contrário, “o Exército terá de impor isso”,
afirmando que: “há planejamentos muito
bem feitos” sobre como as Forças Armadas
interviriam.
A resposta de Azevedo e Silva a Fux se
deu no sentido de assegurar que as
Forças Armadas se manteriam distantes de
qualquer confrontação entre os poderes da
República, seguindo os preceitos que a
Constituição Federal reservou para as
Forças Armadas.
A partir deste sinal, partido de dentro
do primeiro escalão do Poder Executivo
Federal, deu-se mais um passo para a
“via libera”, visando poder o STF declarar Bolsonaro insano,
afastando-o da presidência da República.
Você, um dos poucos que me leem (caso
não seja o único ou a única que até aqui
chegou), a este ponto, diria que
enlouqueci, pois que o STF não teria poder, sozinho, de
afastar o presidente da República.
É aí que eu diria: A nação que não
conhece o seu passado, está condenada a
repeti-lo.
Após o suicídio de Vargas, em 1954,
assumiu o vice-presidente Café Filho,
que se afastou, assumindo Carlos Luz,
enquanto presidente da Câmara dos Deputados, passando a ser
acusado de conspirar contra a posse do
presidente da República eleito,
Juscelino Kubitscheck de Oliveira.
Carlos Luz ficou apenas 03 (três) dias
no cargo de presidente da República,
pois que de forma perigosa, Carlos Luz
foi declarado louco furioso na presidência da República e
sob o argumento de que o Brasil não
aguentaria por mais tempo a maluquice de
Carlos Luz, em 1955, foi ele declarado “impedido” fora
de um processo regular de impeachment,
sem que se tratasse de doença nenhuma,
na verdade, dando-se um golpe de Estado fora do rito
previsto.
Passados 66 anos do impedimento de Luz,
a solução atual seria outra.
Golpes militares tradicionais se
tornaram impraticáveis para remover um
presidente da República, no Brasil e
fora dele.
Com isso, o impeachment se converteu no
elemento de escolha do panorama político
da América Latina, pelo qual, a partir
de 1992, diversos presidentes foram removidos do
poder, seja pela consumação do
impeachment, por sua ameaça, ou por
alguma outra forma de crise institucional.
O fato é que maneiras de afastar um
presidente da República não se limitam
mais ao impeachment.
Ocorreram casos de renúncias impostas,
como a do Presidente argentino Fernando
De La Rúa, em 2001, e declarações de
incapacidade mental, como foi a do Presidente do
Equador Abdalá Bucaram, afastado em
1997.
A Constituição Brasileira prevê no
artigo 79, que se: “Substituirá o
Presidente, no caso de impedimento, e
suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente”.
Este “impedimento” do art. 79, da CF,
não se confunde com o de impeachment,
pois abrange toda e qualquer situação na
qual o Presidente da República não pode,
temporariamente, por qualquer razão,
exercer o cargo, aplicando-se aos casos
de doença, e mesmo quando o presidente se recusa a
reconhecer sua situação de impedimento,
serve de fundamento para legitimar
constitucionalmente o golpe.
E foi essa linha do golpe ensejado
descoberta pelo gal. Augusto Heleno,
pois que bastaria uma provocação
legislativa federal ao STF, para que declarasse Bolsonaro inapto para
lidar com a pandemia, para se invocar o
art. 79, da CF, afastando Bolsonaro da
presidência da República, colocando em seu lugar, o
gal. Mourão, e em caso de renúncia
deste, assumiria o alagoano Arthur Lira,
presidente da Câmara dos Deputados Federais, tudo com o aval
das Forças Armadas, fiéis ao princípio
da “não interferência”.
Considerar o STF legítimo para dar o
golpe, sobretudo um STF que vem cada vez
mais proferindo decisões monocráticas,
não seria demais prever a decisão de um único
Ministro afastando o Presidente da
República.
E nem se diga que tal decisão ameaçaria
o princípio da separação de poderes,
que, dentre nós, já inexiste e faz
tempo, até porque o STF interveio no impeachment de Dilma
Rousseff, salvaguardando seus direitos
políticos, embora impedida, agindo o
ministro Ricardo Lewandowski, à ocasião, contra
disposição expressa da Constituição
Federal, cometendo então um abuso de
poder.
Segundo a minha fonte, que sempre
preservarei, a exoneração de Azevedo e
Silva foi polida, mas seca, contando com
o apoio sentido do decepcionado gal. Augusto Heleno e do
gal. Walter Souza Braga Netto, nomeado
para a Defesa.
A demissão dos demais comandantes das
três Forças foi consequência direta da
exoneração do gal. Azevedo e Silva, pois
que com ele alinhados, pouco importando se
coniventes ou não com ele.
Fato é que, ao final, abortou-se o plano
de derrubar Bolsonaro por esta via, ao
menos, por enquanto.
Quanto às Forças Armadas, ao contrário
do que disse à imprensa o gal. Santos
Cruz, a partir de agora, estarão estas
divididas sim, e serão expurgados os que se casaram com
esta ideia estapafúrdia.
Quanto ao STF, que coloque as barbas de
molho...
Por fim, minhas homenagens ao gal.
Olímpio Mourão Filho que, 57 anos
passados, de forma isolada, sem avisar
ninguém, civil ou militar, e há 30 dias da reserva, quieto, ordenou
que as tropas da 4ª Divisão de
Infantaria, sediadas em Juiz de Fora,
sob seu comando, marchassem rumo ao Rio de Janeiro,
tomando-o pela manhã, impedindo que o
Brasil se tornasse um país ditatorial
comunista aos moldes cubanos, em plena Guerra Fria, expondo-o
a ser um continental Vietnã tropical.
Muito o Brasil deve a ele e, sobretudo,
ao marechal Castelo Branco, verdadeiro
estadista, que recolocou o Brasil nos
trilhos da ordem e do progresso enquanto primeiro presidente
da República eleito pelo voto indireto
no período militar.
Salve o 31 de março.
Paulo Emendabili Souza Barros De
Carvalhosa
Dia de Marte, 31 de março de 2021
104º da Revelação em Fátima;
89º da Revolução Constitucionalista.