O "LOUCO DE GAIOLA" E
GILMAR
A Crusoé desta
semana traz uma
reportagem
impressionante sobre um
promotor de Mato Grosso
que ousou desafiar o
ministro Gilmar Mendes.
Ele acusa o ministro e
sua família, donos de
uma fazenda, de poluir o
Rio Paraguai, que
alimenta o Pantanal, por
meio de uso irregular de
agrotóxicos. A vida do
promotor virou um
inferno por causa disso
e, curiosamente, depois
de pressões a legislação
foi mudada e passou a
favorecer o ministro, de
acordo com integrantes
do Ministério Público.
Tudo indica que se trata
de mais um exemplo de
como funciona o Brasil
Leia um trecho da
reportagem da Crusoé:
Considerado
por colegas um
profissional
extremamente
diligente’,
‘respeitado’ e
'muito técnico', o
promotor de Justiça
mato-grossense
Daniel Balan Zappia
enfrenta há três
anos um processo
disciplinar com ares
kafkianos. Ele virou
alvo de um
procedimento
administrativo no
Conselho Nacional do
Ministério Público
por investigar o
ministro Gilmar
Mendes, do Supremo
Tribunal Federal, e
seus familiares. O
questionamento
contra o trabalho do
promotor se arrasta
desde 2018 e, diante
das implicações
políticas do caso, o
CNMP decidiu na
semana passada
prorrogar por mais
90 dias o prazo para
dar um veredicto.
Zappia é acusado de
'abuso processual’
em apurações sobre o
uso irregular de
agrotóxicos e
transgênicos em uma
propriedade rural de
Gilmar Mendes e seus
familiares.
As terras estão à
beira das nascentes
do rio Paraguai, uma
área de extrema
relevância ambiental
– são as águas do
rio que dão origem
ao Pantanal
brasileiro,
patrimônio natural
da humanidade.
Depoimentos
prestados por
testemunhas ao longo
da sindicância e
obtidos por Crusoé
revelam supostas
tentativas de
interferência
política do ministro
para brecar as
investigações a
respeito do caso.
Inconformado com as
fiscalizações nas
propriedades,
realizadas a partir
de 2015, Gilmar
Mendes teria ligado
para integrantes da
cúpula do governo
mato-grossense para
questionar as ações
ambientais,
pressionado
autoridades pela
regularização de
terras e acionado
informalmente a
Corregedoria do MP
do estado contra o
promotor que ousou
investigá-lo.
De acordo com os
relatos, Gilmar
chamou Daniel Balan
Zappia de 'louco de
gaiola'. Testemunhas
citaram, no
processo, até
rumores de conversas
com magistrados da
Justiça local para
pedir providências.
Integrantes do
Ministério Público
forneceram à
Corregedoria
Nacional do
Ministério Público (CNMP)
detalhes sobre a
‘pressão' exercida
pelo ministro e
revelaram
estranhamento com
mudanças na
legislação
promovidas pelo
governo do estado e
que podem ter
beneficiado Gilmar.”
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Boa leitura e um abraço,
Equipes O
Antagonista e Crusoé |