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Jan Martínez Ahrens
Director de EL PAÍS na América
Reynaldo Domingos Ferreira comenta
entrevista do presidente colombiano,
Iván Duque, ao El País
De: Reynaldo Domingos Ferreira
Date: seg., 7 de jun. de 2021
Repassando: Com apenas 44 anos, Ivan
Duque, presidente da Colômbia, enfrenta
uma onda de violência, em seu país, por
causa de uma reforma tributária, que ele
enviou ao Congresso. Mas, nesta
entrevista, concedida ao El País, ele
se mostra como pessoa ponderada, que, em
nenhum momento, resvala para uma
grosseria, um xingatório, como
estamos acostumados ver por aqui,
contra os seus adversários, até mesmo o
presidente de seu partido, que, pensando
nas eleições do próximo ano, deixou-o
sem o seu apoio.
Aos jornalistas, que, sem razão, queriam
forçá-lo a dizer o nome do líder da
oposição, como alvo de seus
ataques, Ivan Duque dá, a meu ver, uma
resposta magistral: " Eu estou
concedendo uma entrevista, não
respondendo a um inquérito policial". E
outra qualidade dele é a de estar sempre
atento ao que diz a Constituição da
Colômbia, que deseja ver cumprida, em
todas as suas disposições. Afinal, ainda
bastante novo, Ivan Duque nos dá aqui
uma lição de postura presidencial. Vale
a pena ler a entrevista. Grato pela
leitura.
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Estimado leitor,
O presidente da Colômbia, Iván Duque,
havia adiado a entrevista em um dia.
Antes marcada para sábado, 29 de maio,
foi transferida para o domingo por causa
da onda de violência em Cali (2,45
milhões de habitantes). Lá, um
funcionário do Ministério Público havia
sido linchado após matar a tiros dois
participantes de um bloqueio viário. O
presidente, diante do agravamento da
situação, ordenou a militarização da
cidade e decidiu se manter atento aos
acontecimentos. Era mais um exemplo da
tensão que sacudiu o país nas últimas
semanas, acompanhando a maior onda de
protestos dos últimos 70 anos.
A entrevista finalmente aconteceu na
Casa de Nariño, a residência oficial do
presidente, em Bogotá. Era uma manhã
ligeiramente ensolarada, na qual os
soldados que custodiavam o palácio
pareciam absortos com a prova contra o
relógio que deu a vitória ao ciclista
colombiano Egan Bernal na Volta da
Itália. Acabada a corrida, o presidente
apareceu acompanhado por seus auxiliares
de campo. Circunspecto, mas tranquilo,
respondeu a todas as perguntas feitas ao
longo de uma hora e meia. Em geral,
insistiu em suas teses oficiais e na
defesa de sua gestão. Preocupado em
recuperar a iniciativa, repetiu os
ataques ao líder da oposição de
esquerda, Gustavo Petro, embora sem
citar seu nome. Essa omissão gerou um
dos momentos mais tensos da entrevista,
por nossa insistência em que
identificasse as pessoas a quem acusava
de tentar capitalizar o descontentamento
popular.
Independentemente destes detalhes, as
respostas contidas nesta conversa
oferecem um reflexo fiel da postura do
Governo em um momento crucial da
história da Colômbia. Um elemento
decisivo (goste-se ou não goste,
convença ou não) para entender o túnel
que este país está atravessando.
Agradecemos a leitura. |
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