Theresa Catharina de Góes Campos

 

 

 
 A ACADEMIA DA BAJULAÇÃO OU ACADEMIA BRASILEIRA POP DE LETRAS - Reynaldo Domingos Ferreira


De: Reynaldo Domingos Ferreira
Date: dom., 21 de nov. de 2021
Subject: Conceição Evaristo, a imortal

A ACADEMIA DA BAJULAÇÃO OU ACADEMIA BRASILEIRA POP DE LETRAS

Demorou, mas afinal, apareceu, na acomodada imprensa brasileira, que, como a opinião pública do país, aceita tudo, não questiona nada, alguém, o jornalista Caio Bucker, que assina o artigo " Conceicao Evaristo, a imortal ", publicado no Caderno Dois, do JB - o qual reproduzo, em anexo -, para dizer, de forma elegante, bem fundamentada, como acontecem as sucessões, no âmbito da Academia Brasileira de Letras, que, na verdade, não diferem, em nada, ou quase nada, do que também se registra, lamentavelmente, nas supremas cortes de justiça do país.

É tudo na base do compadrismo, da bajulação, da picaretagem, do conchavo político, da esperteza, do desrespeito às regras, às leis, aos princípios éticos e morais, razão pela qual o país, ingovernável, vai sempre navegando, aos trancos e barrancos. Não é a disciplina, não é a sabedoria, não é a meritocracia, que se respeita aqui. Vivemos ao sabor dos ventos e das abstrações, que são, muitas vezes, as mais abjetas possíveis. Pobre país!...

O padrão da Academia é esse mesmo. E não poderia ser diferente. As malandragens que ocorrem entre os três poderes da República são as mesmas da ABL, instituição privada, sem fins lucrativos, que, ao contrário do que diz o articulista, para a população, não tem importância alguma. É uma instituição totalmente inútil, que se destina apenas a cultivar a vaidade de alguns poucos, os quais se julgam imortais, em relação aos demais, que não cultuam a literatura.

Por isso, poucos países exibem, na atualidade, essa ridícula ostentação. E muitos dos nossos escritores, de mais senso de dignidade, não se submetem ao degradante exercício da bajulação, para ocuparem uma de suas cadeiras, como foi o caso, para dar apenas um exemplo, de Carlos Drummond de Andrade, que conheci, na redação do " Correio da Manhã ",
na Avenida Gomes Freire, no Rio. Ele não é um "imortal".

Reportando-se aos dois últimos eleitos, ambos petistas, Dona Fernanda Montenegro e Gilberto Gil, o articulista questiona especificamente a eleição da atriz, antepondo a ela a escritora mineira, consagrada pelos leitores e pela crítica, Conceição Evaristo, que tem vários livros publicados, a qual, segundo ele, desde 2018, demonstra o desejo de ingressar na Academia,
mas nada acontece. Agora, diz Caio Bucker: - Fernanda Montenegro estava praticamente eleita e Conceição teria de fazer a campanha - a da bajulação - para concorrer à cadeira 17, sucedendo a Affonso Arinos de Melo Franco".

Seria o caso, diria eu, de o articulista fazer também à Dona Fernanda Montenegro aquela mesma pergunta, que a grande atriz americana Glenn Close fez à sua colega Gwyneth Paltrow, ganhadora do Oscar, por sua medíocre atuação, na também medíocre comédia, " Shakespeare Apaixonado" : - Você não se sente constrangida, por haver conquistado o Oscar, concorrendo com a atriz brasileira de " Central do Brasil " ?....
A indagação, penso eu, caberia como luva, como diria Machado de Assis, também na situação dela atual. Grato pela leitura. Bom domingo. Reynaldo Domingos Ferreira

https://www.jb.com.br/cadernob/caio-bucker/2021/11/1034126-conceicao-evaristo-a-imortal.html

Por que uma candidata, mulher negra, deve bajular os velhos imortais e fazer campanha, e os outros, não?

Para quem não conhece Conceição Evaristo, vou tentar resumir porque sua história é longa. Mineira de Belo Horizonte, nasceu em 1946 em família humilde. Migrou para o Rio de Janeiro na década de 70, se formou em Letras pela UFRJ e trabalhou como professora da rede pública. É Mestre em Literatura Brasileira pela PUC-RJ, com a dissertação “Literatura Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade”, e Doutora em Literatura Comparada na UFF, com a tese “Poemas malungos, cânticos irmãos”. Participante dos movimentos de valorização da cultura afro-brasileira, estreou na literatura em 1990, publicando contos e poemas. Sua obra já tomou o mundo todo, e seus contos são estudados em universidades do Brasil e do exterior, sendo citada em dissertações e teses. Hoje, aos 74 anos, possui diversos livros premiados e aclamados, como (...)
 

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