Tereza
Lúcia Halliday, Ph.D
Criação,
Análise e Assessoria de
Textos
www.terezahalliday.com
"Palavra quando acesa,
não queima em vão".
Um engenhoso poema:
AVE MARIA
(Sabino de Campos)
O teu amôr
Na
terra
Ermo risonho
Enche-me a vida
triste
de
ternura
De luz e olôr
existe
no meu sonho
Ó mãe
querida
o amor
a
fé mais pura
Entre o rumôr
Na
guerra
Atroz, medonho
De minha
lida
insana
em
noite escura
A própria dôr
se
irmana
ao ser tristonho
- Quase
esquecida
a dôr
o
mal procura
É, se ti vejo,
Assim
Meu
céu – mais lindo
E em teu
olhar
ó Terna
onde,
luzindo,
Num calmo
brilho
eu puz
esta
alma em flôr
Como um
lampejo
em mim
rompe
a harmonia
De um dôce
luar
eterna
em
vindo o dia
Unge teu
filho
a luz
do
teu amôr
(Fonte: Caderno de poemas
copiados a mão por Mamãe, em
sua juventude. Nele aprendi
a gostar de poesia. A cópia
manuscrita deste é datada de
15/7/1938. Ela estava com 17
anos. Mantive a ortografia).
A curiosidade deste poema é
que pode ser lido em várias
direções:
1)
Por linhas completas
horizontais: “O teu amor na
terra / ermo risonho”, etc.
Forma um soneto.
2)
Por estrofes curtas: “O teu
amor / enche-me a vida/ de
lua e olor/ ó mãe querida”.
“Na terra triste/ existe o
amor”. “Ermo risonho/ de
ternura/ no meu sonho / a fé
mais pura” etc.
3)
Estrofe 1 mais Estrofe do
meio: “O teu amor na terra /
enche-me a vida triste”etc.
4)
Estrofes da esquerda mais
estrofes da direita
5)
Estrofe do meio mais estrofe
da direita: “Na terra ermo
risonho / triste de ternura/
Existe no meu sonho / o amor
a fé mais pura”etc.
Se souber quem foi Sabino
de Campos, avise-me. Até
hoje, não sei.
Abraços,
Tereza