O CASO PAVESI
Lutar durante 20 anos
por justiça?
O filme contava a
história de um pai americano desesperado
pela vida de um filho, que necessitava
de um transplante. Informado de que em
um país da América do Sul seria mais
fácil conseguir o órgão, ele viaja para
lá. E descobre, aterrorizado, que essa
facilidade existia porque quadrilhas
matavam pessoas para retirar os órgãos e
realizar os transplantes. A história foi
verídica e o filme foi uma tentativa de
alertar a sociedade para o crime. No
Brasil, há muitos anos, investigações
nesse campo terminaram com a morte dos
investigadores. E casos
apareceram rapidamente na imprensa e não
foram investigados. Como os pais de uma
moça operada em hospital de S. Paulo,
que após uma denúncia anônima,
descobriram que haviam retirado todos os
órgãos de sua filha antes de ser
enterrada. Há poucos dias, reportagem no
Correio Braziliense, comemorava a vida
de dois transplantados. Um dos quais uma
moça bonita, hoje médica. O que chamou a
atenção? Eles conseguiram órgãos no
mesmo dia que deram entrada de
emergência no hospital.
O caso Pavesi,
corajosamente apresentado pelo
jornalismo da Globo News, retorna com
esse tema da maior gravidade. Talvez
nunca viesse ao conhecimento mais amplo
do público, não fosse a reportagem do
jornal de hoje (19/04/2022) de 6 horas
da manhã. Um garoto de 10 anos, Paulo
Veronesi Capesi, cai de uma altura de 10
metros. É levado para uma Clínica, onde
após um falso laudo de morte cerebral,
quatro médicos retiram seus órgãos
para transplante, com ele ainda vivo. O
caso aconteceu em Poços de Caldas e
quatro médicos foram denunciados: José
Luis Gomes da Silva, José Luis Bontempo,
Mauro Alexandre Pacheco e Alvaro Ianhez.
Esse último dono da Clínica e
responsável pelos trabalhos. Eles
somente não haviam previsto que a
família não desistiria de lutar
durante 20 anos por justiça.
Lutar durante 20 anos
por justiça? Sim, foi o tempo que a
justiça brasileira levou para levar o
caso a julgamento. Justiça canalha em um
país de canalhas. Não fosse algum
corajoso promotor do Ministério Público,
os assassinos continuariam a dormir em
paz. Porque em liberdade eles estão
ainda, amparados por um habeas
corpus. Nesse país você pode matar uma
criança ou qualquer um para conseguir
órgãos para transplante e ficar em
liberdade. Por quê? Porque atrás disso
tudo está o poder econômico. São
famílias ricas que pagam pela morte de
pessoas, principalmente crianças e
jovens, para conseguir órgãos e furar a
fila. Atenção às balas perdidas! É ainda
o poder da riqueza criminosa que atrasa
os julgamentos e produz a impunidade. E
cala a imprensa. Um silêncio
criminoso. Não por acaso, evidentemente,
o Ministério Público pediu que o
julgamento do caso Pavesi fosse
desmembrado e transferido de Poços de
Caldas para Belo Horizonte. Para evitar
influências econômicas sobre os jurados.
Amigos, a próxima vez
que vocês ou familiares tiverem de ser
operados, estejam atentos! Pois não se
trata somente da cirurgia em si, dos
cuidados de enfermagem. Mas da
possibilidade real de morte para atender
a funerárias e a necessidade de órgãos
para transplantes. Sim, porque a
privatização dos serviços funerários
também causou mortes indevidas,
noticiadas nos jornais. Raciocinem:
enquanto na China, atualmente, eles
noticiam três mortes por Covid
em pacientes de muito mais de 80 anos,
no Brasil temos ainda mais de 100 mortes
por dia. Isso não nos diz nada?
Assuntos não investigados
suficientemente e que raramente chegam à
imprensa. É preciso abrir os olhos. Isso
continua a acontecer. E, sejamos
sinceros: no caso dos transplantes, se
a Polícia quisesse descobrir os
mandantes, era só verificar quem
recebeu os órgãos.