*Quem está tentando interferir no processo
eleitoral é o STF*J.R. Guzzo 25/04/2022 O
ministro Luís Roberto Barroso nomeou a si
próprio como autor de um desastre. Não faz isso
sozinho, é claro: seus colegas Alexandre de
Moraes e Edson Fachin, especialmente, disputam
com ele de perto, seguidos como uma manada pelo
resto do STF, o papel de calamidade pública
número 1 do Brasil.
Mas Barroso, pelo furor extremo com que se
lança na guerra declarada pelo tribunal contra
os dois outros poderes, e sobretudo contra o
presidente da República, transformou-se neste
momento no pior inimigo das instituições
democráticas do país. Ele e a maioria dos demais
lideram uma das maiores contrafações já montadas
na moderna história política do Brasil.
Vendem, com o apoio da esquerda, das elites e
de quase toda a mídia, a ficção de que são
heróis na luta pela salvação da democracia.
Entregam, na vida real, um trabalho de
destruição sistemática do Estado de Direito – em
favor dos grupos políticos que querem ver no
governo.
Barroso, ainda há pouco, chamou o presidente
da República, com todas as letras, de “inimigo”;
contra ele estariam os que, como o STF, ajudam a
“empurrar a história na direção certa”. Nenhum
dos seus colegas fez a menor objeção. Pouco
antes, havia sido uma das estrelas de um
seminário cujo tema era: “Como derrubar um
presidente”.
O que declarações extremistas como essas têm
a ver com a sua função de juiz, que exige uma
neutralidade política absoluta? Mas o ministro
acaba de radicalizar ainda mais. Afirmou que as
Forças Armadas estão recebendo instruções para
“desacreditar o processo eleitoral” – sem citar
um único fato que permita sustentar uma acusação
deste tamanho, e muito menos alguma prova, por
mínima que seja, do que falou.
Que instruções são essas, exatamente? Quem
está instruindo os militares a desacreditarem as
próximas eleições? O que existe de concreto a
respeito dessa interferência? Três vezes zero –
um espanto, para quem passou meses dizendo,
irado, que não havia provas em qualquer das
suspeitas levantadas em relação à
vulnerabilidade do voto nas próximas eleições.
O que está acontecendo, na frente de todo o
mundo, é exatamente o contrário do que diz
Barroso – uma interferência cada vez
maisescandalosa dos ministros no processo
eleitoral, via TSE. Fizeram acordos com as
empresas estrangeiras que controlam as redes
sociais para censurar o que consideram mensagens
de “direita” durante a campanha.
Estão diretamente envolvidos num esforço
policial para reprimir “notícias falsas” – uma
intromissão grosseira na liberdade de expressão,
com o objetivo claro de favorecer um dos lados
contra o outro. Ameaçam de prisão os
adversários; juram que 2018 “não vai se
repetir”. Conduzem há três anos um inquérito
absolutamente ilegal para perseguir inimigos
políticos. Como podem dizer, agora, que “os
militares” estão sendo orientados a tumultuar as
eleições?
Barroso foi chamado de “irresponsável” pelo
ministro da Defesa, general Paulo Sérgio
Nogueira, em resposta imediata à sua acusação. E
agora? Vai ouvir calado – ou vai mandar prender
o general Nogueira, por “ofensa” ou “ameaça” a
ministro do Supremo?
O tribunal inteiro acaba de levar um
humilhante “cala a boca” do presidente da
República, com seu indulto em favor do deputado
Daniel Silveira – condenado com uma pena absurda
de oito anos e nove meses de prisão fechada por
Alexandre de Moraes, e dez dos onze ministros,
num processo ilegal do começo ao fim. A decisão
do STF foi simplesmente anulada – e, pior que
tudo, foi anulada com integral apoio na
Constituição que é rasgada todos os dias pelo
tribunal.
Nossa “corte suprema” acaba de ser informada,
após três anos e meio de provocação permanente
ao Executivo, que chegou ao limite. O perdão a
Silveira, e a resposta do ministro da Defesa à
última agressão de Barroso, mostram que o STF
não está mais jogando sozinhono seu esforço
permanente para destruir as instituições. Tem a
seu favor a cumplicidade e a covardia da direção
do Senado e da Câmara. *Mas tem contra si as
Forças Armadas – as únicas garantias reais,
hoje, para a manutenção da democracia no
Brasil*. É o ponto ao qual chegamos. |