Theresa Catharina de Góes Campos

     
O STF vem inflando assustadoramente o seu poder nos últimos anos

Maurício Mühlmann Erthal, em 22 de abril de 2022:
O STF vem inflando assustadoramente o seu poder nos últimos anos. Isto se deve, principalmente, por três motivos:

Primeiro, proteger o cipoal jurídico que ao longo dos anos foi sendo formado para justificar e permitir o funcionamento de um número imenso de esquemas ilegítimos e criminosos que drenam injustamente as forças essenciais do país. Como uma espécie de teia de aranha que asfixia e impede as dinâmicas naturais da nação, esse corpo jurídico completamente deformado protege e beneficia milhões de parasitas, nacionais e internacionais, que desprezam qualquer noção de país. Para eles a nação não enseja o futuro, mas é apenas um grande cassino cujos governos, tal como crupiês, lhes dão as cartas com as quais fazem suas jogadas. Segundo, para proteger o sistema obscuro por meio do qual os próprios ministros da Corte e seus cúmplices costumam amealhar imensas fortunas totalmente incompatíveis com os seus salários. E em terceiro, para combater o surgimento de pessoas mais esclarecidas e inteligentes, capazes de entender como os jogos e os esquemas funcionam, e que, possuidoras de verdadeiro caráter e solidez moral, possam resistir ser cooptadas pelas vulgares, porém deliciosas tentações mundanas, e entrar para o clube.

O presidente Bolsonaro, por exemplo, durante as décadas em que foi deputado, enquanto todos os políticos se locupletavam e gastavam em média um salário-mínimo por dia apenas em almoços (fora jantares, lanches, etc.), o então deputado Bolsonaro, e segundo inúmeras testemunhas, era o único político que almoçava no bandejão junto aos funcionários da casa, ao preço módico de 25 a 35 reais.

Se há algo que desperta a fúria profunda em boçais empedernidos que vivem de roubar dinheiro público para sustentar seus prazeres, taras, perversões e variados vícios, é uma pessoa simples, franca, verdadeira e que ganha a vida honestamente. A Sodoma e Gomorra de Brasília tem o poder de atrair para si o pior da escória nacional, e todos esses amam o Supremo Tribunal Federal. Esses fazem capas de revista chamando Alexandre de Moraes de "A Muralha". Esses rotulam as manifestações de direita como "movimentos antidemocráticos". Esses fraudam qualquer coisa que possa ser fraudada para proteger suas vantagens e privilégios ilícitos. Esses são capazes de tudo para conseguir a cabeça de Jair Bolsonaro em uma bandeja de prata.

Este inquérito inconstitucional, criminoso e fraudulento, por exemplo, que o STF está utilizando para intimidar, controlar, empobrecer e até mesmo prender aqueles que considera uma ameaça aos seus esquemas e interesses, ou aos esquemas que protegem, é um verdadeiro câncer no edifício jurídico constitucional brasileiro. Este inquérito representa uma tal perversão do sentido real de ‘justiça’, do senso das proporções, do processo legal, das leis e da própria moral que somente seria possível sua criação e manutenção com a aquiescência, cumplicidade e conveniência de inúmeros outros agentes, órgãos e instituições que igualmente se beneficiam destas deformidades e distorções. Ora, são as inúmeras colmeias de sustentação de parasitas, baseadas em situações econômicas e jurídicas espúrias, que sufocam e emperram o Brasil por décadas de privilégios, indicações, nomeações, nepotismo, estatais, inchaço nas mais diversas esferas públicas, instituições, autarquias, órgãos municipais, estaduais, federais, etc. É tudo isso que, como diz Bolsonaro, lá na ponta da linha irá se opor e impedir que um país mais livre e próspero gere um maior bem-estar e felicidade para toda a sua população.

Voltando ao pequeno jogo, com certeza nesta noite muitos ministros do STF não dormiram. Passaram a noite calculando as possibilidades de neutralizar os efeitos negativos e a desmoralização total que a genial jogada de Bolsonaro lhes causou. Com certeza, irão propor encontros secretos. Estão com a imagem arranhada, o que representa uma tragédia para os que vivem apenas de imagens. Seus 'donos' estão gritando em seus ouvidos exigindo que desfiram um golpe mortal contra Bolsonaro. Afinal, quem ele pensa que é? Lição a ser aprendida: uma pessoa materialista, corrupta e pervertida é capaz de coisas terríveis para manter seu poder e privilégios, mas milhares de pessoas materialistas, corruptas e pervertidas juntas são capazes literalmente de qualquer coisa.

Daniel Silveira, aqui, é apenas um joguete dentro de uma disputa de forças colossais e de objetivos e interesses diametralmente opostos. A força, por certo, é desproporcional, pois todos os bons deste governo só estão unidos e lutando por nós por causa de um único homem que os agrega e comanda: Jair Messias Bolsonaro. Mais que uma luta de ideias, posicionamentos e ideologias, trata-se realmente de uma luta entre o bem e o mal. Uma luta entre princípios e valores bons e maus. O bem que o nosso lado evoca não está restrito às pessoas que dele fazem parte, pois nem todas possuem a mesma têmpera moral, mas sim aos valores que abraçam e a justeza da causa que nos une e coloca na direção correta, e nessa direção nos fortalecemos no bem e, por isso, cada vez mais nos tornamos bons. A mesma coisa acontece do outro lado. Nem todos eles são maus. Mas a deformação das suas causas e dos seus caminhos; o desrespeito pelas leis da vida que imaginam ser irreais; a culpa inconsciente que carregam por sua inautenticidade; o desprezo secreto que tem contra si e que, como um cupim, corrói suas consciências; a vida quase sempre fútil, vazia e hedonista que levam e que lentamente apagam a luz dos seus espíritos e cobrem as suas almas com o manto da escuridão; a insensibilidade que desenvolveram como uma espécie de técnica para ‘não ser incomodados’ e poder suportar as mazelas sociais, todas estas coisas transformam sua subjetividade em uma masmorra triste e solitária. E mesmo que queiram parecer bons, ou até mesmo se acreditem bons, não há como esconder a falsidade que exalam, as falas afetadas e teatrais que exibem ou os títulos pomposos que ostentam. Mestres de coisa nenhuma! Lindos por fora, mas podres por dentro. São os sepulcros caiados da bíblia, cheios de ossos de mortos e de toda podridão. E é tudo isso que, mesmo que não queiram, os tornam maus.

E retornando novamente ao pequeno jogo. O STF deverá propor a Bolsonaro uma certa, digamos, acomodação. Provavelmente, poções mágicas serão conjuradas e o mefistofélico Temer será invocado novamente. A principal oferta será a de não oferecer obstáculos à libertação de Silveira, talvez até poupá-lo da multa, mas cortar sua cabeça e lhe cassar o mandato e seus direitos políticos! Nada será escrito, nada será gravado, apenas um acordo sussurrado entre as partes que permita ao STF recolocar a máscara do seu falso poder e dar a impressão de não ter sido tão pisoteado pelo "executivo".

Bolsonaro tirou a presa da boca da serpente, e a serpente não gostou nem um pouco. E com seus olhos hipnóticos, a serpente lhe sussurrou: "Se você insistir em continuar medindo forças comigo poderá até se reeleger, mas jamais governará. Quantos venenos já lancei sobre você nestes três anos? Meu poder não é deste mundo e se espalha por milhares de órgãos e instituições. Tenho discípulos em todos os lugares. Escute! Consegue ouvir algum som vindo do Judiciário? Consegue ouvir o silêncio gelado da covardia e passividade de milhares de parasitas comprados a preço de ouro para esquecer que um dia existiu uma Justiça? A única justiça que existe hoje é representada pela vontade do Estado, e é a partir dela que eu me alimento e consigo devorar os bons. Direito é coação e como esta coação poderia ser exercida sem os gordos e vistosos homens da lei dedicados integralmente a Baal? Para isso é preciso ignorar o sofrimento das multidões, e essa é minha especialidade. O mais perigoso veneno que escorre das fendas das minhas presas é a indiferença. Você viu durante a pandemia a indiferença dos que vivem do estado para com a fome, desespero, falências, misérias, depressões e suicídios dos que dependem das atividades comerciais? Viu a desfaçatez com que sobem sobre cadáveres para exigir aumentos salariais? Olhe para a minha testa. Sabe o que significa este pequeno símbolo da foice e o martelo? Nunca foi sobre a libertação dos povos oprimidos ou sobre reparar injustiças sociais, não! É um símbolo de elite! Um símbolo para poucos escolhidos. Fidel Castro tinha quinze mansões luxuosas enquanto o 'seu' povo come lixo até hoje. Como pode ser um símbolo popular? Sempre foi sobre o domínio dos maus sobre o mundo, sobre a tirania poder esmagar a liberdade, sobre a vitória da mentira sobre a verdade, sobre o errado substituir o certo, sobre a imoralidade substituir o pudor e a interioridade. Há milênios conspiro para que os seres bestiais corrompam os puros de espírito, para que os cruéis façam os bons sofrerem e que o mundo se torne imundo! A justiça e a verdade dependem da pureza da alma para que as leis de Deus sejam ouvidas. E a lei dos homens é apenas o seu reflexo. Uma lâmpada acesa, mas coberta de lama, jamais ilumina. Nós que chafurdamos na lama trabalhamos pelo fim da justiça, pela relativização da verdade, pelo domínio do estado. Quanto maior o estado, mais fracos os homens se tornam, e quanto maior o estado, maior o número de escravos que passarão a existir e que tornarão a vida um inferno de violência, miséria e obscenidades. Jamais trabalhei para os bons, apenas para os porcos de ternos caríssimos e para as cadelas de Louboutin."

Bolsonaro ouve em silêncio as confissões da serpente. Todo o santo dia assiste o seu reino de imundície mover as riquezas do mundo. E assiste a partir de dentro. O rastro viscoso e gosmento da serpente está sempre circundando sua cadeira presidencial. A serpente o examina de cima a baixo, sempre com ódio, e resmunga: "Por que não é o Lula?" Bolsonaro lembra dos que querem que ele vire a mesa e dos que o acusam de corrupto. Acha engraçado. Baixa a cabeça pensativo, imaginando como seria se pudesse compartilhar com todos os horrores que testemunha. Sabe que a raiz da sua força é permanecer no espírito, sempre fiel a si mesmo, e que só os que assim também agirem compreenderão como funciona o ‘reino da serpente’ e poderão realmente ajudar. É muito exaustivo vislumbrar os olhos repulsivos da serpente todos os dias. Às vezes foge com sua moto. Tenta despistar seus seguranças, pois são a lembrança constante de que é presidente. Se encontra com o povo, sente-se mais leve. Come um pastel com caldo de cana com os seus irmãos, seus iguais perante o abismo da existência. O tumulto da multidão o fortalece, depois relaxa, e fortalece novamente. Às vezes chora, sente-se só. Uma solidão existencialista que poucos conhecem ou suportariam. Uma criança se aproxima e sorri. Ele sorri de volta e na criança vê o futuro. Lembra que é presidente. E lembra que ser presidente é garantir o futuro que viu nos olhos daquela criança que sorri. Levanta sentindo-se mais forte e volta para sua missão. Sabe que esta missão inclui, dentre tantas coisas, permanecer sob os olhos sempre atentos e ameaçadores da serpente. Ela, aguardando qualquer distração para dar o bote e injetar seu veneno fatal. Ele, disfarçando sua adaga afiada e mortal debaixo da roupa e com a qual sonha, a qualquer momento, poder cortar a cabeça da serpente.
Maurício Mühlmann Erthal

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