O
DESASTROSO COMÍCIO DE R$100 MIL
Por J.R. Guzzo
05/05/2022
Imaginem por uns instantes, só para
se ter a ideia de um cataclisma de
proporções interplanetárias, o que
aconteceria neste país se descobrissem que uma
dessas passeatas de motocicleta que
o presidente Jair Bolsonaro vive
fazendo por aí tivesse recebido uma
contribuição de R$ 100 mil saída de
algum cofre público. É melhor nem
pensar. No mínimo, ele seria preso com tornozeleira
pelo ministro Alexandre de Moraes,
sua chapa seria declarada inelegível
pelo ministro Fachin e as instituições entrariam
imediatamente em transe. Mas meter a
mão em dinheiro do Erário, no Brasil
de hoje, só é problema se for coisa da
direita; se for da esquerda, não há
problema nenhum. Que sossego, não?
Ficam salvas as instituições.
.
O. ex-presidente Lula acaba de fazer
exatamente isso em sua campanha para
voltar à Presidência da República —
e é claro que continua sendo tratado
como um estadista que vai salvar o
Brasil de um futuro negro. Parece
brincadeira: por algum tipo de compulsão
incontrolável, nem Lula nem o PT
conseguem ficar mais do que cinco
minutos longe de algum tipo de roubalheira. Não chega
o que já aconteceu? Não chega. Eis
eles aí outra vez: no desastroso
comício do dia 1º de maio no Pacaembu, a
cantora e militante petista Daniela
Mercury recebeu R$ 100 mil da
prefeitura de São Paulo para fazer o show com o qual
os organizadores esperavam trazer
algum público para aplaudir o
candidato. Não veio ninguém, como se constatou
— nem para ouvir Lula, nem para
ouvir Daniela. Mas os R$ 100 mil já
voaram.
A prefeitura de São Paulo não tem
onde cair morta; passa por um dos
piores momentos de abandono da sua
história, calamidade que, segundo o prefeito,
se deve à falta de dinheiro. Como
foi doar R$ 100 mil para Daniela
Mercury, se não tem recurso para consertar um
sinal de trânsito quebrado? Mesmo
que houvesse dinheiro sobrando, uma
prefeitura municipal jamais poderia pagar
qualquer despesa da campanha
eleitoral de um político, seja ele
quem for. Esse dinheiro não é de Lula, nem do PT, nem da
cantora. É verba pública. Se não for
utilizado para prover necessidades
do morador e pagador de impostos do município de
São Paulo, estará sendo roubado. É
crime.
A campanha de Lula promete. Seus
organizadores estão deixando claro,
em atitudes como a dessa mamata em
torno de Daniela Mercury, que os bilhões do
“Fundo Eleitoral” não vão bastar
para o tamanho da fome. As coisas
ainda nem começaram direito, e já estão
assaltando a prefeitura de São
Paulo, propriedade dos parceiros do
MDB-PSDB.
Onde vai se chegar, até outubro?