1. Sinto
VERGONHA,
muita
vergonha
pelo
comunicado
divulgado
pelo
Ministro dos
Negócios
Estrangeiros
sobre o caso
dos cartoons.
O que quer
Freitas do
Amaral? Ser
secretário-geral
da ONU, já
que os
portugueses
não o querem
para PR? O
comunicado é
idiota, o
tom em que
está escrito
é indigente.
E não há
tacticismo
geo-político
que o
justifique.
2. Os
cartoons
foram
publicados
em
Setembro.SETEMBRO!
3. A "fúria"
muçulmana
estourou só
agora por
quê? Terá
alguma coisa
a ver com o
facto de
alguns
religiosos
terem andado
de país em
país a
incendiar os
ânimos? Terá
alguma coisa
a ver com a
vitória do
Hamas na
Palestina?
Com o
endurecimento
da posição
do Irão,
cujo
presidente
nega a
existência
do
Holocausto e
promete
varrer
Israel do
mapa?
4. Os
muçulmanos
que
incendeiam
embaixadas,
queimam
bandeiras da
Dinamarca,
assassinam
padres
católicos
viram os
cartoons?
Não, claro.
Convém não
esquecer que
o editor do
jornal
jordano que
publicou
parte dos
cartoons
(gesto único
no mundo
árabe) foi
primeiro
despedido e
depois
preso. Já
agora: os
que
condenaram
Salman
Rushdie à
morte por
causa dos
Versículos
Satânicos
leram ao
menos o
livro? E
será que se
sentem
responsáveis
pelo ódio
que a sua
atitude
causou e que
acabou em
pelo menos
duas
tentativas
de
assassinato
de
tradutores
da obra, uma
bem
sucedida?
5. Os
cartoons
desrespeitam
o profeta e
são produto
da
dissolução
de costumes
própria do
Ocidente?
Então o que
dizer das
centenas de
cartoons
publicados
todos os
anos em
jornais de
lingua árabe
em que os
judeus são
retratados
de uma forma
humilhante?
Em que são
comparados a
animais (a
porcos,
invariavelmente).
Freitas do
Amaral nunca
os viu?
Nunca
existiram?
São ficção?
6. Quem é
esta gente
que protesta
nas ruas?
Será a mesma
gente que as
câmaras das
televisões
captaram a
celebrar os
atentados de
11 de
Setembro e
de 11 de
Março?
7. Porque é
que quando
extremistas
se fazem
explodir num
autocarro em
Londres ou
em Telavive
estas boas
almas
muçulmanas
não vêm para
a rua
protestar
contra a
violência?
Caricaturar
o profeta é
um crime
inominável,
mas espalhar
a morte e o
terror não?
É tarde,
estou
cansado, não
quero ir
longe de
mais. Só
quero dizer
que há
escolher com
lucidez o
lado da
barricada.
Com lucidez
e bom senso,
para evitar
fanatismos
também deste
lado.Mas a
tolerância
não deve ser
confundida
com
fraqueza. O
politicamente
correcto não
deve
retirar-nos
discernimento.
O Ocidente
não tem as
mãos limpas,
nem é
bacteriologicamente
puro. E o
tempo das
Cruzadas
acabou. Mas
há que
perceber
isto: o
Islão (ou
pelo menos
os seus
líderes)
estão em
guerra com o
mundo. Com o
nosso mundo.
Pessoalmente,
prefiro
eventuais
excessos de
liberdade à
censura e à
tirania.