"Reynaldo, veja aí a dança da catira. Fala na
sua Uberaba."
De: Reynaldo Ferreira
Data: 26 de junho de 2017
Assunto: Fwd: Catira em Uberaba
Repassando, com o comentário do amigo Aluísio,
que me enviou a mensagem, reproduzindo o
vídeo de crianças, dançando o catira, tradição
de Uberaba e do Triângulo Mineiro. Observem o
encantamento do violeiro Roberto Corrêa com o
espetáculo, a que assistia. Um dos presentes,
possivelmente coordenador do grupo, reclama
da falta de incentivo, uma constante, na cidade,
que bem poderia criar um festival de catira,
como faz Sevilha, na Espanha, com o flamenco,
para atrair turistas.
As autoridades uberabenses, entretanto, não
querem saber de nada. Preferem dormir em berço
esplêndido. Sei disso porque, na juventude,
lutei muito, na terra madrasta, para implantar a
atividade teatral, chegando mesmo a construir um
teatro de bolso, pois a pressão contra o
trabalho do nosso grupo era tamanha, como narro
em meu livro, "As Raparigas da Rua de Baixo", já
em segunda edição, que os cenários de uma peça
de Joaquim Manoel de Macedo, encenada no
auditório da Associação Comercial, foram, a
mando da diretoria, jogados na rua, num dia de
chuva.
E, ainda hoje, não posso nem sonhar em encenar
uma das minhas peças na cidade. É realmente uma
pena que esses garbosos dançadores
uberabenses do catira não recebam incentivos
para se apresentarem, como merecem, em grande
estilo, num teatro ou numa praça. Afinal, para
que serve a Fundação Cultural de Uberaba?...para
nada?
Reynaldo Domingos Ferreira
De: Reynaldo Ferreira
Data: 27 de junho de 201
Repassando:
Vejam o destaque dado, em seus
prestigiosos blogs, pela jornalista Theresa
Catharina, ao meu comentário sobre a falta de
incentivos, em Uberaba, para atividades
culturais, como a dança do catira, por crianças
da cidade, mostradas no vídeo anexo. Em
seguida, repassarei o comentário do meu amigo
Aluísio Carvalho, dando-me razão, e lembrando,
com oportuno descortino que, na preservação de
suas tradições culturais, os nascidos em terras
do Rio Grande do Sul são muito mais dedicados e
competentes do que nós, os de Minas Gerais.
Apesar de termos algumas cidades históricas,
dotadas de riquíssimo patrimônio artístico, como
as obras barrocas do nosso maior escultor
nacional, O Aleijadinho, nós, os mineiros, não
lhes damos o merecido valor. Sei disso muito
bem, pois, desde que percorri Ouro Preto,
Congonhas do Campo e São João Del Rey, para
escrever a minha primeira peça teatral, cuja
ação se passa nas três cidades, "Dona
Bárbara", montada, em 1983, no Teatro Nacional,
focalizando a participação do casal Alvarenga
Peixoto-Bárbara Heliodora, formei consciência
sobre esse bizarro fato e, por isso, não
estranhei que os comentários mais entusiasmados,
com o conteúdo histórico da peça, tenham
surgido, em jornais de São Paulo e de Porto
Alegre, quando a peça foi publicada em livro. O
que me foi mais desalentador, entretanto, foi a
negativa da Secretaria de Cultura, de São João
Del Rey, da época, em receber a doação, que lhe
ofereci, das peças do figurino, desenhado por
Ricardo Torres, usadas na encenação, para serem
expostas, em manequins, no Museu de Bárbara
Heliodora, que existe na cidade. Eu, na verdade,
pretendia ver reconstituída, na sala principal
do Museu - o que não consegui -, a cena da
última refeição do casal Alvarenga
Peixoto-Bárbara Heliodora, sendo servidos por
três escravas, como acabara de ver, na ocasião,
na cidade de Shakespeare, Stratfford-Upon-Avon,
na residência em que o imortal dramaturgo inglês
nasceu, reconstituições de quadros inesquecíveis
de suas peças, como " Hamlet", "Otelo", "Macbeth",
"Romeu e Julieta" e outras. Mas, concordo com o
meu amigo Aluísio, isso seria exigir muito da
cabeça dos mineiros!... Arre!, como diria a
minha avó.
Reynaldo Domingos Ferreira
De: Reynaldo Ferreira
Data: 27 de junho de 2017
Repassando, como anunciado, o comentário do meu
amigo jornalista Aluísio Carvalho, também
mineiro, que me apoia na reivindicação de mais
apoio e incentivos para as atividades culturais
em Uberaba, MG, Capital do Zebu.
Reynaldo, a razão está com você, como sempre. Os
gaúchos são muito mais competentes do que nós,
em tudo. Na cultura, então, nem se fala. Quando
chegam, das primeiras providências é criar um
centro de tradições gaúchas. São tão bons nisso
que acabam gauchizando o pessoal do lugar. Como
andam sempre atrás de terras para comprar, e o
Centro-Oeste foi o paraíso das oportunidades, em
passado recente, cada cidade da região não deixa
de ser uma sucursal dos Pampas. Minas não deixa,
mas também não ampara a sua cultura. Ainda ontem
passei para um grupo de zap de que faço parte um
comentário sobre a congada e a Folia de Reis.
São manifestações que ainda fazem parte das
tradições mineiras. Porque o negro, com seu
passado africano, é melhor do que nós, brancos,
para preservar suas tradições. Nós, descendentes
de portugueses, não temos o que mostrar. Os
negros têm. Quanto ao seu desabafo, mais do que
legítimo e verdadeiro. Uberaba parece que só se
preocupa com o boi. E deviam criar uma tradição
em torno da economia agropecuária. Até onde sei,
não existe. As festas do zebu, pelo que me
lembre, só têm mesmo os leilões, a miss que é
eleita, e não me lembro de mais nada. Estou
certo ou errado? Veja o gaúcho com a sua festa
da uva. O catarinense com a festa da maçã. E por
aí vai. Podiam começar pela catira, como sugere
o vídeo e você apoia. Uma das amigas para quem
mandei o vídeo ficou louca para conhecer. Se
souber de algum lugar por aqui, me avise. Grande
abraço.
Aluísio