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O filho, Boechat, era o retrato exato da mãe
O amigo, que me enviou a mensagem, fez o comentário:
" Olha a sabedoria da mãe do Boechat. Meu Deus, que força, que luz. Mulher
de verdade."
Só agora, percebo, porém, por esse vídeo, que o filho, Boechat, era o
retrato exato da mãe. Pois, apenas, por telefone, posso dizer, que convivi
com ele, durante quase todo o tempo, em que, por três vezes, exerci as
funções de Assessor de Imprensa, do Banco Central do Brasil. Na época,
Boechat cobria o setor de Economia, para o jornal " O Globo ", mas não
fechava suas matérias diárias, sem antes, falar comigo, para se certificar
do que ocorrera, em termos de notícia, naquele dia, na instituição.
Muita vez, entretanto, a nossa prosa se prolongava, um pouco mais, dando-me
oportunidade de, assim, conhecer não só o repórter - criterioso, organizado,
disciplinado e extremamente meticuloso -, mas também a pessoa franca,
autêntica, que nasceu, sem duvida, para ser jornalista. Era o dom, que
possuía, pois, desde a infância, como agora, emocionada, mas sem titubeios,
revela sua mãe, uma vez que ele se mostrava curioso, mantendo conversações,
com pessoas mais velhas, para se esclarecer sobre tudo o que via à sua roda.
José Paulo Kupfer, outro colega, daqueles nossos tempos, também dedicado à
cobertura de assuntos econômicos, que permanece na ativa, disse bem, em sua
coluna, em " O Estado de S. Paulo", que Boechat era um jornalista à moda
antiga, mas não era antigo. Sim. Desenvolto e versátil, como sempre foi, ele
se reinventou para se adaptar à luta jornalística, como, de forma não muito
promissora, a meu ver, é travada, nos dias que correm. Recentemente, através
de um amigo, que lá esteve, com ele, em São Paulo, recebi o seu abraço, que
vou guardar para sempre!... Adeus, amigo.
No mesmo dia, em que ocorreu o lamentável desastre de helicóptero, que
vitimou Boechat, registrou-se o passamento, igualmente, em São Paulo, de
Fernão Bracher, ex-presidente do Banco Central do Brasil, de quem também fui
Assessor de Imprensa, um dos homens públicos mais competentes, que conheci,
nos quarenta anos de jornalismo, por mim exercidos, na Capital da República.
Além disso, no trato pessoal, era fino, de um cavalheirismo à moda inglesa.
Sobre ele, escrevi, no meu " Dicionário da Dívida Externa Brasileira", que,
durante algum tempo, vi estampado, na íntegra, no website da Universidade da
Carolina do Norte, EUA:
BRACHER, FERNÃO CARLOS BOTELHO - ( 1935 - 2019 ) Advogado, nascido em São
Paulo, ex- diretor da Área Externa, e presidente do Banco Central do Brasil
( 1985 - 1987 ), no governo de José Sarney ( 1985 - 1990 ). Na opinião dos
credores, foi ele um dos mais hábeis negociadores da dívida externa
brasileira. Mas nem por isso permaneceu à frente das negociações por muito
tempo, já que o governo, a que serviu não queria negociar. Queria, sim,
criar um cartel de devedores. A seu ver, o cenário ideal a ser conseguido,
nas negociações, seria, para o Brasil, a obtenção de um acordo com os
credores, favorável, de longo prazo, que estabelecesse pronta reabertura do
mercado voluntário de crédito, então completamente fechado.
Reynaldo Domingos Ferreira
13 de fev de 2019
Vejam agora o vídeo com a entrevista da mãe de Boechat.
https://youtu.be/8aLd_F7beB8
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