Ameaçado por traficantes, juiz vive confinado em
fórum
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Por José Maria Tomazela, enviado especial
Ponta Porã, 3 (AE) - Odilon de Oliveira, de 56 anos,
estende o colchonete no piso frio da sala, puxa o
edredom e prepara-se para dormir ali mesmo, no chão,
sob a vigilância de sete agentes federais fortemente
armados. Oliveira é juiz federal em Ponta Porã,
cidade de Mato Grosso do Sul na fronteira com o
Paraguai. Jurado de morte pelo crime organizado,
está morando no fórum da cidade. Só sai quando
extremamente necessário, sob forte escolta.
Em um ano, o juiz condenou 114 traficantes a penas,
somadas, de 919 anos e 6 meses de cadeia, e ainda
confiscou seus bens. Como os que pôs atrás das
grades, ele perdeu a liberdade. "A única diferença é
que tenho a chave da minha prisão."
Traficantes brasileiros que agem no Paraguai se
dispõem a pagar US$ 300 mil para vê-lo morto. Desde
junho do ano passado, quando o juiz assumiu a vara
de Ponta Porã, porta de entrada da cocaína e da
maconha distribuídas em grande parte do País, as
organizações criminosas tiveram muitas baixas. Nos
últimos 12 meses, sua vara foi a que mais condenou
traficantes no País.
Oliveira confiscou ainda 12 fazendas, num total de
12.832 hectares, 3 mansões - uma, em Ponta Porã,
avaliada em R$ 5,8 milhões - 3 apartamentos, 3
casas, dezenas de veículos e 3 aviões, tudo comprado
com dinheiro das drogas. Por meio de telefonemas,
cartas anônimas e avisos mandados por presos,
Oliveira soube que estavam dispostos a comprar sua
morte. "Os agentes descobriram planos para me matar,
inicialmente com oferta de US$ 100 mil."
No dia 26 de junho, o jornal paraguaio La Nación
informou que a cotação do juiz no mercado do crime
encomendado havia subido para US$ 300 mil. "Estou
valorizado", brincou. Ele recebeu um carro com
blindagem para tiros de fuzil AR-15 e passou a andar
escoltado. Para preservar a família, mudou-se para o
quartel do Exército e em seguida para um hotel. Há
duas semanas, decidiu transformar o prédio do Fórum
Federal em casa. "No hotel, a escolta chamava muito
a atenção e dava despesa para a PF."
É o único caso de juiz que vive confinado no Brasil.
A sala de despachos de Oliveira virou quarto de
dormir. No armário de madeira, antes abarrotado de
processos, estão colchonete, roupas de cama e
objetos de uso pessoal. O banheiro privativo ganhou
chuveiro. A família - mulher, filho e duas filhas -,
que ia mudar para Ponta Porã, teve de continuar em
Campo Grande. O juiz só vai para casa a cada 15
dias, com seguranças.
Oliveira teve de abrir mão dos restaurantes e almoça
um marmitex, comprado em locais estratégicos, porque
o juiz já foi ameaçado de envenenamento. O jantar é
feito ali mesmo. Entre um processo e outro, toma um
suco ou come uma fruta. "Sozinho, não me arrisco a
sair nem na calçada."
Uma sala de audiências virou dormitório, com três
beliches e televisão. Quando o juiz precisa cortar o
cabelo, veste colete à prova de bala e sai com a
escolta. "Estou aqui há um ano e nem conheço a
cidade." Na última ida a um shopping, foi abordado
por um traficante. Os agentes tiveram de intervir.
Hora extra - Azar do tráfico que o juiz tenha de
ficar recluso. Acostumado a deitar cedo e levantar
de madrugada, ele preenche o tempo com trabalho. De
seu bunker, auxiliado por funcionários que trabalham
até alta noite, vai disparando sentenças. Como a que
condenou o traficante Erineu Domingos Soligo, o
Pingo, a 26 anos e 4 meses de reclusão, mais multa
de R$ 285 mil e o confisco de R$ 2,4 milhões
resultantes de lavagem de dinheiro, além da perda de
duas fazendas, dois terrenos e todo o gado.
Carlos Pavão Espíndola foi condenado a 10 anos de
prisão e multa de R$ 28,6 mil. Os irmãos Leon e
Laércio Araújo de Oliveira, condenados
respectivamente a 21 anos de reclusão e multa de R$
78,5 mil e 16 anos de reclusão, mais multa de R$ 56
mil, perderam três fazendas.
O traficante Carlos Alberto da Silva Duro pegou 11
anos, multa de R$ 82,3 mil e perdeu R$ 733 mil, três
terrenos e uma caminhonete. Aldo José Marques
Brandão pegou 27 anos, mais multa de R$ 272 mil, e
teve confiscados R$ 875 mil e uma fazenda. Doze réus
foram extraditados do Paraguai a pedido do juiz,
inclusive o "rei da soja" no país vizinho, Odacir
Antonio Dametto, e Sandro Mendonça do Nascimento,
braço direito do traficante Luiz Fernando da Costa,
o Fernandinho Beira-Mar. "As autoridades paraguaias
passaram a colaborar porque estão vendo os
criminosos serem condenados."
O juiz não se intimida com as ameaças e não se rende
aos apelos da família, que prefere vê-lo longe desse
barril de pólvora. Ele é titular de uma vara em
Campo Grande e poderia ser transferido, mas acha
"dever de ofício" enfrentar o narcotráfico. "Quem
traz mais danos à sociedade é megatraficante",
disse. "Não posso ignorar isso e prender só os mulas
(pequenos traficantes) em troca de dormir tranqüilo
e andar sem seguranças." |
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Estimado Walter:
Essa notícia que você teve a gentileza , a iniciativa e boa vontade de
me enviar, foi matéria de primeira página de O Estado de S.Paulo, tal a
sua importância.
Que Deus abençoe esse juiz e sua família, e que os anjos celestes os
guardem, tornando-os invisíveis para todos que tentarem lhes fazer mal.
Na próxima atualização de nossos sites, por favor coloque na íntegra (
para que as pessoas não se esqueçam! e se conscientizem sobre a situação
que estamos todos vivendo, por causa das drogas, em nosso Brasil! ),
inclusive com a fonte da notícia, e também, com as chamadas para as
outras matérias, que se encontram no lado direito.
Muito obrigada!
E por favor também inclua a minha pequena oração, pedindo a proteção
divina para o juiz Odilon de Oliveira, sua esposa e suas filhas.
Abraços de sua amiga,
Theresa Catharina |