Data: Mon, 11 Jul 2005 17:37:39 GMT
De: Cinemateca Brasileira
Assunto: Mostra: "Profissão: roteirista de cinema"
 

Profissão: roteirista de cinema

de 19 a 31 de julho de 2005 

O roteiro é peça básica do trabalho cinematográfico. Da mesma forma que montadores, fotógrafos ou cenógrafos, o roteirista é elemento familiar da maquinaria complexa do cinema e, tão importante quanto estes profissionais anônimos - dos quais certamente depende o êxito maior ou menor de uma obra cinematográfica - nela se imiscui em favor de um objeto final e aglutinador: o filme. A confecção de um roteiro é o primeiro estágio de elaboração de um filme. Nesta etapa inicial, geralmente ao lado de um diretor, o roteirista - já ciente dos muitos limites às vezes impostos por questões externas como, por exemplo, restrições de orçamento - constrói as personagens, elabora os diálogos e planos, idealiza ações, imagens e sons; compõe, enfim, a narrativa e, ao mesmo tempo, um guia capaz de orientar a filmagem. A partir daí, submetido a leituras específicas, o roteiro torna-se um instrumento: é lido, dissecado, anotado e finalmente descartado. Neste ponto do processo, o roteirista tem de abandonar inevitavelmente a devoção por seu trabalho e transferir seu entusiasmo para a realização efetiva do filme: idealizado no papel, o roteiro é submetido à concretude das filmagens e assim, exposto à prática, uma metamorfose indispensável o espera.

Quanto à natureza de seu ofício, dois traços parecem caracterizá-lo: o mais conhecido e divulgado diz respeito a seu status de narrador, geralmente associado à figura do dramaturgo ou escritor de romances. Há, porém, um segundo aspecto fundamental que muitas vezes perdemos de vista: o necessário conhecimento das peculiaridades da linguagem cinematográfica; é preciso saber como os filmes são feitos; qual é o papel de cada técnico e seus instrumentos; estar atento aos elementos que compõem a mise-en-scène. Escrever para o cinema é uma atividade específica e o bom desempenho de um roteirista depende de sua destreza em combinar narrativa e técnica cinematográfica.

A trajetória do roteirista na história do cinema é marcada por períodos oscilantes em que esteve ou não no foco das atenções. Em alguns momentos, sobretudo no cinema francês dos anos 50, a influência do roteirista foi tão forte que alguns diretores limitavam-se a formalizar o roteiro em imagens. O auge de sua posição está ligado ao processo de industrialização do cinema, responsável por motivar, em grande escala, a formação de roteiristas profissionais; seu declínio, ao surgimento do cinema de autor que, nos finais da década de 50, subverteu violentamente o formalismo e a monotonia aos quais havia se acostumado o cinema. Paralelamente, o novo conceito jogou os roteiristas no esquecimento ao insistir na idéia de que cada filme trouxesse a marca distintiva do autor. No final dos anos 60, o roteirista volta à cena.

Com o intuito de expor o papel decisivo que os roteiristas exerceram e atualmente exercem sobre a concepção da obra cinematográfica, a Cinemateca Brasileira oferece, de 19 a 31 de julho de 2005, a mostra "Profissão: roteirista de cinema", composta por 22 títulos nacionais e estrangeiros, roteirizados por grandes nomes como Kogo Noda, Suso Cecchi d’Amico, Alinor Azevedo, Miguel Torres, Carl Mayer, Ody Fraga, Agenore Incrocci e Furio Scarpelli, Leopoldo Serran, Jean-Claude Carriére, Sergio Amidei, Thea von Harbou, entre outros. Para completar o ciclo, estão programadas para o próximo ano uma segunda edição da mostra e uma retrospectiva de Jean-Claude Carrière.

 

Núcleo de Programação

Sala Cinemateca

Largo Senador Raul Cardoso, 207 - Vila Mariana

próxima ao Metrô Vila Mariana

Maiores Informações pelos telefones: 5084-2177 (ramal 210) ou 5081-2954

ingressos: R$ 8,00 (inteira)

R$ 4,00 (meia-entrada)

Atenção: Estudantes do Ensino Fundamental e Médio de Escolas Públicas têm direito à entrada gratuita mediante a apresentação da carteirinha.

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Fichas técnicas e sinopses:

O assassinato do Papai Noel (L’assassinat du Père Noël), de Christian-Jaque

França, 1941, 35mm, pb, 105’

Roteiro: Charles Spaak

Elenco: Harry Baur, Raymond Rouleau, Marie-Hélène Dasté, Renée Faure

Sinopse: Clássico do cinema francês da década de 40. Num vilarejo nas montanhas, em todo Natal, o pároco Cornusse fantasia-se de Papai Noel e encanta a criançada. Naquele ano, porém, um crime inesperado acontece: o cadáver do Papai Noel é encontrado, mas, o corpo, não é o de Padre Cornusse.

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Aurora (Sunrise: a song of two humans), de F. W. Murnau

Estados Unidos, 1927, 16mm, pb, 106’ - silencioso; intertítulos em inglês

Baseado na novela "Die Reise nach Tilsit", de Hermann Sudermann

Roteiro: Carl Mayer

Elenco: George O´Brien, Janet Gaynor, Bodil Rosin, Margaret Livington

Sinopse: Uma atraente mulher, em férias, vai a uma pequena vila do interior e seduz um jovem fazendeiro casado. Maliciosa, sugere a ele que sua esposa se afogue acidentalmente. Ao embarcar com a esposa para Tilsitt, o fazendeiro tenta afogá-la, mas, apavorado, abandona a idéia.

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Belíssima (Bellissima), de Luchino Visconti

Itália, 1951, 35mm, pb, 115’

Roteiro: Suso Cecchi d’Amico, Luchino Visconti e Francesco Rosi

Elenco: Anna Magnani, Walter Chiari, Tina Apicella, Alessandro Blasetti

Sinopse: Em Roma, uma companhia produtora coloca um anúncio à procura de uma garota para um filme a ser rodado em Cinecittà. Obcecada por cinema e pela idéia de tranformar sua filha numa estrela, uma mulher decide participar do concurso que escolherá a protagonista do filme. Numa sala de projeção, revolta-se ao ver o diretor e sua equipe escrachando o jeito esquisito e desengonçado da filha.

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Meu tio da América (Mon oncle d'Amérique), de Alain Resnais

França, 1980, 35mm, cor, 125’

Roteiro: Jean Gruault

Elenco: Gérard Depardieu, Nicole Garcia, Roger Pierre, Pierre Arditi

Sinopse: Um professor e sociobiólogo expõe sua teoria do comportamento humano ao intervir na narrativa de três histórias entrecruzadas envolvendo uma atriz, um homem que trabalha numa estação de rádio e um operário.

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A rotina tem seu encanto (Sanma no aji ) de Yasujiro  Ozu 

(Japão, 1962 -  113 min.)

com Chishu Ryu, Shima Iwashita, Keiji Sada, Mariko Okada

Sinopse: O viúvo Hirayama mora com dois filhos, entre eles, a jovem Michiko. Um dia, encontra-se com seu ex-professor de escola e, numa conversa, o velho lhe diz que sua filha ainda não se casou porque, depois da morte da mãe, teve que ajudar o pai a dirigir seu negócio nos arredores de Tóquio. Impressionado com o estado patético em que caíra o velho professor, apegando-se deseperadamente à filha, Hirayama pede a Michiko que pense num casamento. Com o apoio dos parentes, procura um bom partido para a filha.

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Valmont - uma história de seduções (Valmont), de Milos Forman

França/Estados Unidos, 1989, 35mm, cor, 137’

Baseado na novela "As ligações perigosas", de Choderlos de Laclos

Roteiro: Jean-Claude Carrière e Milos Forman

Elenco: Colin Firth, Annette Bening, Meg Tilly, Fairuza Balk

Sinopse: Às vésperas da Revolução Francesa, uma intrigante aristocrata desafia seu amante a seduzir uma jovem recentemente casada. O rapaz - Valmont - garante que pode corrompê-la. Durante o jogo de sedução, porém, Valmont apaixona-se pela jovem.