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Ética na prática
Viver e trabalhar com ética significa saber
conviver, respeitando a dignidade do próximo,
tanto quanto a sua própria dignidade de caráter.
Na teoria, fala-se e se escreve bastante sobre o
tema, nos dias atuais, sobretudo porque não é
difícil constatarmos que está na ausência da
prática da ética, no dia-a-dia, apesar de todas
as dificuldades e até, muitas vezes,
sofrimentos, a origem das injustiças,
desigualdades e problemas sócioeconômicos.
O indivíduo que se coloca, na comunidade, como
pessoa humana, reconhece a demanda interior de
abraçar os hábitos de caráter que determinarão
sua coragem em pensar e agir com ética.
Conhecendo a si mesmo e os princípios éticos que
se determinou a abraçar, em sua vida privada e
pública, também se acostuma a exigir da
comunidade em que está inserido a transparência
ética das decisões, as atitudes marcadas pela
retidão de pensamento, os processos de
crescimento orientados eticamente.
Embora os fundamentos da ética nasçam de
escolhas individuais, sempre conscientes de que
a vida exige de nós a fidelidade diária a esses
princípios, devemos entender que a convivência
constitui um sistema de interação, tanto mais
exigente da ética quanto carente de situações em
que os nossos direitos jamais estão isolados das
necessidades e dos direitos do próximo. Nosso
espaço interior - íntimo, afetivo, intelectual -
não deve ser considerado como isolado com
relação aos espaços e limites dos outros,
próximos ou distantes.
Pensar nos menos poderosos, nos ausentes, nos
excluídos, no bem comum... são disposições
internas que nascem da prática da ética, e não,
das manifestações teóricas alardeadas em seu
nome.
Segundo Carmen Barreira, "a identidade
individual e social cria-se a partir de uma
interação sistêmica, base de toda educação. Sem
ética não é possível falar-se em educação, cujo
objetivo fundamental é incitar o afloramento das
capacidades do indivíduo, criar balizas para que
elas se consolidem e, quando maduras, propiciar
o espaço necessário para que enriqueçam e
transformem a sociedade na qual esse indivíduo
está ou escolheu estar inserido."
Se podemos e devemos exigir, de toda pessoa,
atitudes éticas, dos poderosos e das autoridades
espera-se a ética como fundamento de sua posição
e atuação. Justiça, caridade e generosidade são
virtudes éticas, os frutos da ética, a
fundamentação filosófica... ( e política, no
sentido da origem grega da palavra: a arte de
promover o bem comum) para aqueles que mandam,
decidem, fazem acontecer... e para os que a eles
estão subordinados também. A justificativa para
tal exigência intrínseca está nos benefícios
para a sociedade, formada por seres racionais,
iguais em seus direitos fundamentais. A visão
utilitarista seria ver, como objetivo da ética,
chegar-se ao resultado ideal/idealista de obter
" o máximo de felicidade para o maior número de
pessoas".
Regras e valores éticos devem estar presentes
sem interrupção em nossa vida. Somente assim é
possível evitarmos o caos, escondido ou
aparente. Em nenhum momento a ética se torna,
sob quaisquer pretextos, dispensável, quer seja
no lar, na igreja, no trabalho, nas atividades
intelectuais, no convívio social, na prática
sindicalista.
Theresa Catharina de Góes Campos
Jornalismo com Ética e Solidariedade
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