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Theresa Catharina de Góes Campos |
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18/10 Dia do médico
MÉDICO - VALE A PENA FESTEJAR?
Carlos A. M. Gottschall
Dezoito de outubro é o Dia do Médico, um
profissional dedicado a desenvolver e devolver a
saúde, o maior bem da vida, isso exigindo mais
responsabilidade desse trabalhador que de
qualquer outro. A crise moral e ética em que se
afundou a sociedade brasileira justifica não só
na medicina, mas em todos os setores, as
perguntas: podemos comemorar?; conseguimos ver
uma saída?; o império do mal pode ser derrotado?
Embora as razões da crise sejam profundas e
multiformes, de ordem social, política,
econômica, tendo as distorções cultural e
educacional por base, a maioria dos brasileiros
trabalha, produz, socorre, ri e, sobretudo,
confia num futuro melhor. Porém, não é possível
construir ou reconstruir um país sem educação e
sem saúde. Para isso, onde estão as verbas?
Além da roubalheira oficializada, o pouco
que sobra é mal aplicado, desconsiderando
necessidades das faculdades de Medicina (o
ensino médico é o mais caro de todos), da
formação médica (menos da metade dos formandos
consegue uma residência médica de qualidade), da
rede ambulatorial (na qual uma consulta demora
meses), dos hospitais (onde o gargalo da
internação retarda o tratamento para depois da
morte), dos custos hospitalares (pessoal,
equipamentos, procedimentos, medicamentos,
órteses e próteses), da desmotivação
profissional (salários aviltantes), tudo isso
agravado por desinformação, demagogia e má-fé.
Uma mistura de simplismo mental com interesses
eleitoreiros, vaidades pessoais e ideologia
política reduzem a solução desse problema à
'abertura de novas faculdades de Medicina' e à
'formação de médicos para o povo', sendo tais
expressões sinônimos de quantidade e não
qualidade - quando o número de médicos já excede
o preconizado pela OMS -, ou de paramédicos
despreparados, capazes de pôr em risco a saúde
de uma população sofrida, que deveria ter como
último direito, pelo menos, a preservação da
vida.
Vox populi, vox dei: assim como em outras
questões em que a sabedoria popular corrige o
despreparo dos dirigentes, a classe médica, por
lidar com valores tão pessoais e íntimos,
desenvolveu uma sensibilidade que a torna
depositária de um grau de confiança capaz de
consolá-la das mazelas que a afligem: em
recentes pesquisas de opinião, foi considerada
mais confiável aos olhos da população do que as
Forças Armadas e a Igreja, os três mais votados,
sendo óbvio que os políticos receberam a mais
baixa pontuação. Esse é um consolo que merece
comemoração e reflexão.
Presidente da Academia Sul-Rio-Grandense de
Medicina
Porto Alegre - RS - Brasil
Fonte: Correio do Povo
Data: 18/10/2005
www.jornalada.com
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Jornalismo com ética e solidariedade. |
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