Filho de camponeses, Raymond Depardon nasceu em Villefranche-sur-Saône em 1942. Aos 12 anos, já demonstrava interesse pela fotografia, paixão que o fez instalar, no sótão da pequena fazenda familiar, um pequeno laboratório fotográfico. No início da adolescência, de posse de uma velha Rolleiflex comprada por seus pais, Depardon vai a Paris e torna-se assistente do fotógrafo Louis Foucherand. Ao fim de seis meses, Foucherand associa-se a agência Dalmas e o jovem, desempregado, passa a tirar fotografias e vendê-las aos jornais. Em junho de 1960, é contratado pela Agência Dalmas e viaja, à convite de seu diretor, para a África, com a tarefa de seguir a expedição S.O.S - Sahara.

De volta à França, e depois de trabalhar durante longo período como fotógrafo de celebridades, funda, em 1966, ao lado de mais dois fotógrafos, a mítica agência Gamma pela qual partiu em reportagem à Biafra e à Praga, viagem que lhe rendeu sua primeira experiência como cineasta. Nela filmou seu primeiro curta-metragem: Jan Palach - registro da imolação de um jovem estudante que protestava contra a situação política do país. Suas pretensões como homem de imagens nunca se restringiram às fotográficas. Seu gosto pelo cinema remonta às suas primeiras inclinações pela fotografia quando tentava, com uma simples máquina fotográfica, simular planos seqüências.

Em 1974, Depardon segue Valéry Giscard d'Estaing, ministro gaulista, em sua campanha para a Presidência da França. O filme, 1974, um presidente em campanha que a Cinemateca Brasileira exibirá durante a mostra, ficou proibido por 28 anos em razão do protesto de seu principal personagem, o próprio Giscard, que o considerou um tanto "irreverente". Em 1980, já desligado da Gamma e da Magnum, à qual havia se filiado em 1979, organiza, juntamente com Pascale Dalman, a produtora Double D, que produzirá e distribuirá os seus filmes a partir dessa data. A partir daí, sua carreira segue num ritmo acelerado. Dentre os filmes que realizou, além de 1974, um presidente em campanha, a Cinemateca Brasileira exibirá, com o apoio da Cinemateca da Embaixada da França: Alguma novidade em Garet; Instantes de audiência; Perfis camponeses: a aproximação; Perfis camponeses: o cotidiano; Presos em flagrantes e Urgências.

Herdeiro do cinema direto, cujos líderes tem por nome Richard Leacock, Frederick Wiseman e D. A. Pennebaker, Raymond Depardon é um dos exemplos raros daqueles que passaram com êxito da fotografia para o cinema. Homem de duas câmeras, fotógrafo e cineasta estão, em Depardon, sempre juntos e se explicam reciprocamente. Depardon nunca abandonou sua primeira câmera, à diferença de outros homens de cinema que vieram da fotografia e que talvez a tenham abandonado devido a uma suposta hierarquia dos meios, segundo a qual o cinema é mais importante, mais prestigiado e mais avançado que a fotografia. Mesmo ao examinarmos apenas o Depardon cineasta não poderemos esquecer aquela outra máquina, aquela que abriu seu caminho para a imagem.

R$ 4,00 (meia-entrada)

14h30 Alguma novidade em Garet e Perfis camponeses: a aproximação

16h30 Alguma novidade em Garet e Perfis camponeses: o cotidiano

dia 01/12 (quinta-feira)

15h00 Instantes de audiência

17h00 Presos em flagrante

19h10 Instantes de audiência

21h15 1974, um presidente em campanha

15h00 1974, um presidente em campanha

16h50 Instantes de audiência

18h50 Presos em flagrante

21h00 Alguma novidade em Garet e Perfis camponeses: a aproximação

15h00 Instantes de audiência

17h05 1974, um presidente em campanha

19h00 Instantes de audiência

21h00 Alguma novidade em Garet e Perfis camponeses: o cotidiano

14h00 Alguma novidade em Garet e Perfis camponeses: a aproximação (sessão gratuita)

16h00 Alguma novidade em Garet e Perfis camponeses: o cotidiano (sessão gratuita)

1974, um presidente em campanha (1974, une partie de campagne), de Raymond Depardon

França, 1975, 35mm, cor, 90’ - legendas em português

Sinopse: O documentário registra a campanha do candidato que acabaria eleito presidente da França, Valéry Giscard d’Estaing. Uma vez eleito, o presidente se opôs à difusão do filme, motivo pelo qual este, que deveria ser o primeiro longa de Depardon, só chegou ao público em 2002.

Alguma novidade em Garet (Quoi de neuf au Garet), de Raymond Depardon

França, 2004, 35mm, cor, 10’ - legendas em português

Sinopse: A fazenda do Garet está à venda. Dois irmãos, Raymond e Jean Depardon, conversam sobre o passado e o futuro da propriedade.

Instantes de audiência (10ème chambre, instants d’audience), de Raymond Depardon

França, 2004, 35mm, cor, 105’ - legendas em português

Sinopse: De maio a julho de 2003, Depardon e sua equipe acompanharam as audiências da 10a Câmara Correcional de Paris. O filme é um testemunho sobre o funcionamento da máquina judiciária francesa e é tecido a partir de 12 casos de homens e mulheres que um dia se encontram face a face com a justiça.

Perfis camponeses: a aproximação (Profils paysans: l’approche), de Raymond Depardon

França, 2000, 35mm, cor, 90’ - legendas em português

Sinopse: Primeira parte da trilogia de Depardon sobre o mundo rural francês. Neste documentário, o diretor traça um perfil dos camponeses, uma classe esquecida, que só é lembrada, nos dias de hoje, quando catástrofes climáticas ou epidemias colocam-na sob o foco dos noticiários.

Perfis camponeses: o cotidiano (Profils paysans: le quotidien), de Raymond Depardon

França, 2004, 35mm, cor, 90’ - legendas em português

Sinopse: Segunda parte do projeto, na qual Depardon mostra as diferentes gerações que ocupam o campo, como os jovens que se instalam em fazendas. Nesse documentário, ele também aborda os problemas da herança e da transmissão de patrimônio.

Presos em flagrantes (Délits flagrants), de Raymond Depardon

França, 1994, 35mm, cor, 109’ - legendas em português

Sinopse: Depardon acompanha o processo pelo qual passam os suspeitos pegos em flagrante; da sua chegada à delegacia até o primeiro contato com os advogados. Revelam-se uma série de procedimentos que, geralmente, acontecem por trás das portas fechadas.