Liberdade de imprensa
Pedro do Coutto
Excelente o artigo da primeira página de
ontem da TRIBUNA DA IMPRENSA condenando a
censura imposta à "Folha de São Paulo" e também
à Folha On Line. Em primeiro lugar, porque o
item 9 da Constituição Federal veta qualquer
tipo de censura. Se a acusação ou a informação
forem falsas, o atingido move o respectivo
processo e as penas são pesadas, incluindo
indenizações de vulto e prisão. Em segundo
lugar, porque a censura transita sempre na
contramão da história e do tempo.
A criação da Imprensa por Guttemberg, em
1451, e sua liberdade foram - e são - essenciais
- ao processo democrático e à democratização do
conhecimento. A primeira edição da Bíblia, por
exemplo, que reúne 47 livros judeus (Velho
Testamento) e 27 livros cristãos (Novo
Testamento), foi obra de Guttemberg, que assim
reuniu livros separados por um espaço de mil
anos, de Moisés a Jesus Cristo. A liberdade de
imprensa garantiu também a plena divulgação do
manifesto protestante de Martinho Lutero.
A liberdade de imprensa é fundamental ao
progresso. Tanto assim que nos governos
ditatoriais a primeira coisa que fazem é sufocar
o jornalismo. Como aconteceu com a brava e
invencível TRIBUNA DA IMPRENSA de 1964 a 1985,
quando a mordaça foi abolida no governo João
Figueiredo. A imprensa livre, além de um direito
de todos os cidadãos, é, no fundo, a maior
garantia da sociedade contra o arbítrio e a
opressão.
Além de tudo isso, só recorrem à censura os
que temem a verdade e o debate de idéias. O
desenvolvimento depende da informação livre. As
conquistas da humanidade através dos séculos
sempre foram alcançadas pela força da livre
expressão do pensamento. O pensamento evolui com
a liberdade, fazendo evoluir o mundo. No árduo
duelo com o obscurantismo, a liberdade de
imprensa termina sempre vencendo. Ainda bem,
graças a Deus.
Pedro do Coutto é jornalista