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DAS VINHAS AOS VINHOS
Faustino Vicente *
"E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o
povo sumiu, a noite esfriou,e agora,José?" Esses
versos são frutos do talento, e da
sensibilidade, de Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987), inesquecível poeta
brasileiro,nascido na cidade mineira de Itabira
do Mato Dentro. E agora, José? Esta é a
indagação que cada um de nós deve fazer, a si
próprio, para transformar as saudações de
próspero ano novo em realidade. Devemos
desenvolver planos de ação para a concretização
das nossas metas, desejos e, até, de nossos
sonhos. As manifestações de amizade, de carinho
e de responsabilidade social que semeamos, nas
festas de final de ano,são compromissos que
assumimos. Os desafios permanecem aí, à espera
da nossa ousadia, criatividade, determinação, de
nosso respeito ao ser humano e ao meio ambiente.
Com o verão dando as boas-vindas ao ano novo, a
incorrigível alegria do povo brasileiro
apresenta-se como anfitriã perfeita do fomento
de um dos mais promissores segmentos da economia
mundial - o turismo - fonte de divisas e de
geração de empregos. Dentre as alternativas da
indústria de entretenimento, a nossa reflexão
vai para o ecoturismo - polinização da cultura
ambiental. O aumento da rentabilidade das
pequenas propriedades rurais é fruto do valor
agregado em atividades complementares.Do cafezal
ao cafezinho, do trigal ao desjejum colonial ou
das vinhas aos vinhos, descortina-se uma
paisagem sedutora aos que cultivam o estressante
estilo de vida urbano.
Cidades que produzem uva e vinho colhem o
privilégio de tornarem-se autênticas grifes
mundiais pela qualificação do sabor, aroma, cor
e valor de seus produtos. Noé, o da Arca, é
citado em Gênesis (9, 20) sobre uva, e no mesmo
livro, (9, 21) sobre o vinho. Além dessas
citações, há muitas outras destacando esses
produtos na Bíblia e, naturalmente, em outros
livros que relatam a milenar caminhada da
humanidade. Relíquias históricas provam que o
trigo e a videira são cultivados desde tempos
imemoráveis.Não foi por acaso, que o pão e o
vinho foram escolhidos por Jesus Cristo (Ceia do
Senhor) como símbolos vivos da sua missão divina
aqui na terra.
O solo, o clima e o manejo revestem a uva, e por
conseqüência o vinho, de uma nobreza laboral,
social, cultural e até religiosa, capaz de abrir
excelentes oportunidades comerciais. Os
imigrantes italianos trouxeram para o nosso pais
a experiência do plantio da uva, do processo da
fabricação do vinho e de tantos outros derivados
enriquecidos de tradições, usos e costumes,
ainda hoje preservados por famílias que vivem no
campo.
Lembranças da pátria distante, comida caseira,
música típica, exposição, artesanato, contato
com a flora e a fauna e atividades recreativas
podem retratar um cenário de encantamento aos
turistas. Com extensão continental, o Brasil
pode fazer do agronegócios, das suas belezas
naturais, da magia do seu futebol, da maior
ópera de rua do planeta - o carnaval brasileiro
- e da singular hospitalidade de seu povo, uma
fantástica "cruzada de marketing" capaz de
incrementar o turismo e alavancar as
exportações. Lembrete: vamos explorar o turismo,
não os turistas.
O acirramento da concorrência globalizada e o
maior grau de exigência de clientes e
consumidores, motivaram as empresas a consolidar
políticas estratégicas de melhoria contínua de
seus processos operacionais e de capacitação de
seus recursos humanos. Como, hoje, o
indispensável diploma universitário tem se
mostrado insuficiente, para um bela carreira
sustentável, temos que sistematicamente agregar
competências técnicas, aprimorar habilidades de
relações interpessoais e preservar a conduta
ética - diferenças que fazem a diferença - no
disputadíssimo mercado de trabalho. Concluímos
que a safra mais famosa de empreendedores é
reconhecida pela "beleza de ser um eterno
aprendiz".
* Faustino Vicente - Consultor de Empresas -
e-mail: faustino.vicente@uol.com.br - tel.
(0xx11) 4586.7426 - Jundiaí (Terra da Uva) - SP
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