REFLEXÕES SOBRE "UM QUADRO PREGADO NA PAREDE DA
INFÂNCIA", de Maria do Carmo Pereira Coelho
A consultora pedagógica, escritora e professora
universitária Maria do Carmo Pereira Coelho, com
doutorado na USP/SP, publicou Um Quadro Pregado
na Parede da Infância pela Editora Scortecci,
São Paulo, 2015.
Lucília Garcez, também escritora, Mestre e
Doutora em Linguística Aplicada ao Ensino de
Línguas na Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo, fez uma apresentação da obra na qual
verbaliza ideias aos pais, professores e
responsáveis, inclusive ao interagir com os
leitores, logo no primeiro parágrafo, recorrendo
ao instrumento pedagógico da formulação de
perguntas. Em seu texto, a docente introduz os
protagonistas da história. Utiliza vocabulário
diversificado: algumas palavras comuns na
linguagem infantil, e outras (como expectativa,
esperança, usufruir, enigma, magia, experiência,
decifrar), que exigem uma compreensão maior do
significado e do conhecimento ortográfico.
Livro infanto-juvenil com 27 páginas,
ilustrações em cores de Tio Groening,
diagramação e arte-final de capa assinada por
Paloma Dalbon, Um Quadro Pregado na Parede da
Infância bem exemplifica o processo educacional
que, ao oferecer oportunidades iguais, ao
contrário de um nivelamento inferior que
igualaria "por baixo", direciona ao cumprimento
de objetivos que visam ao crescimento
intelectual de cada indivíduo, conforme sua
dignidade de ser humano.
A leitura das páginas vai indicando que a autora
se dirige à inteligência dos leitores.
A trama da obra, com originalidade, nos
apresenta a família Alegria, que reside em uma
"rua torta", sendo proprietária de uma fábrica
de guaraná, refrigerante preparado com os frutos
dessa planta amazônica, uma espécie de cipó. Na
cidade onde vivem os personagens, há
escritórios, cinema,
igreja e mercado.
Na descrição do ambiente doméstico e
socioeconômico, encontramos as mães ocupadas com
os afazeres do lar, enquanto pais e maridos, no
fim do dia, voltam para casa cansados da luta
pela sobrevivência.
Uma característica da Senhora Alegria se
destaca: "vivia sempre aprendendo", ainda que
suas muitas filhas estivessem a seu lado,
próximas a si,
a rodeá-la durante a jornada de tarefas
rotineiras. A escritora explica: naquela época,
quando as donas de casa queriam aumentar seus
conhecimentos, não saíam do lar. A Senhora
Alegria fez então, por correspondência, um curso
prático - de costura. Do trabalho dela, suas
meninas (de várias idades...),
ganhavam peças de roupas, sentindo a emoção de
vestir com gosto os modelos favoritos de cada
uma.
Surge, nesse momento da história, a referência a
um morador de rua que, cabeludo e
fantasmagórico, dançando, esbanjava alegria,
embora usasse um mesmo traje o tempo todo, até
as mangas e outros pedaços de roupa caírem no
chão.
A simplicidade de seu modo de vida proporciona,
de forma criativa, mas sem fugir da realidade,
uma reflexão para todos sobre o tema
contemporâneo do consumismo. Abordar essa
questão já seria uma boa justificativa para
divulgarmos UM QUADRO PREGADO NA PAREDE DA
INFÂNCIA.
Identificamos, porém, no livro da professora
Maria do Carmo Pereira Coelho, que ela nos
oferece outras informações relevantes a
partilhar e debater.
Theresa Catharina de Góes Campos
Brasília - DF, 24 de setembro de 2016
Ler também:
Considerações sobre o livro A MENINA LEITORA ,
de Maria do Carmo Pereira Coelho
http://www.theresacatharinacampos.com/comp6975.htm
O SOBRADO - Crônica de Maria do Carmo Pereira
Coelho
http://theresacatharinacampos.com/comp6958.htm |